Em uma rede social, a desembargadora Marília Castro Neves do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) publicou uma carta com um pedido de desculpas direcionado à professora Débora Seabra, portadora de Síndrome de Down por ter questionado a capacidade dela exercer a profissão em sala de aula. A professora chegou a escrever uma carta em resposta à desembargadora na qual explicava que acima de tudo, ensinava educação, respeito e inclusão.
[SAIBAMAIS]Marília aproveitou para se desculpar em relação à vereadora Marielle Franco (PSOL). Há cerca de um mês, a desembargadora afirmou que Marielle estava engajada com bandidos e que teria sido eleita com a ajuda de facções criminosas.
"Estou escrevendo para agradecer a carta que você me mandou e lhe dizer que suas palavras me fizeram refletir muito. Bem mais do que as centenas de ataques que recebi nas últimas semanas. Tenho sofrido muito desde que fui atropelada pela divulgação de comentários meus, postados em grupos privados (...). Perdão, Débora, por ter julgado, há três anos atrás, ao ouvir de relance, no rádio do carro, uma notícia na Voz do Brasil, que uma professora portadora de Síndrome de Down seria incapaz de ensinar. Você me provou o contrário", escreveu a magistrada, que em seguida admitiu ter reproduzido informações sobre Marielle sem antes checar a veracidade.
"No afã de rebater insinuações, também sem provas, na rede social de um colega aposentado, de que os autores seriam policiais militares ou soldados do Exército, perdi a oportunidade de permanecer calada. Nesses tempos de fake news temos que ser cuidadosos".
Ela também estendeu o pedido de desculpas ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL). "Estendo esta reflexão ao deputado Jean Wyllys. Sempre me oporei às suas ideias e às do PSOL, nada mudará isso, mas é evidente que não desejo mal à ninguém". A desembargadora se referiu a uma publicação anterior em que afirmou que o parlamentar merecia ir para um paredão de fuzilamento "embora não valha a bala que o mata".
CNJ
No último dia 20 de abril, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acatou as manifestações contra a desembargadora Marília Castro Neves. O ministro João Otávio de Noronha, corregedor Nacional de Justiça, determinou a abertura de um procedimento para investigar a conduta da desembargadora. Duas representações foram feitas contra ela: o Psol e a Associação Brasileira de Juristas para Democracia representaram também em relação às postagens feitas por Marília em redes sociais sobre a capacidade de atuação de uma professora portadora da Síndrome de Down.