Jacqueline Saraiva
postado em 13/04/2018 13:22
O empresário carioca Arthur Mário Pinheiro Machado, preso na Operação Lava-Jato nessa quinta-feira (12/4), deve se afastar temporariamente da presidência do Alub, conhecido grupo educacional do Distrito Federal. Ele foi preso preventivamente na Operação Rizoma, que mira crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção por meio de fraudes nos fundos de pensão dos Correios, o Postalis, e Serpros.
Em nota, o Alub, que foi adquirido pela Educar Holding em outubro de 2017, afirma que não foi alvo de qualquer operação policial. A instituição explicou ainda que o afastamento de Arthur Machado é para que ele se dedique integralmente a sua defesa. "Todas as atividades acadêmicas estão integralmente mantidas, assim como a implementação do projeto pedagógico em vigor, sob direção de Newman Brito".
Empresário encabeçava esquema de corrupção
A Operação Rizoma cumpriu dez mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão no Rio, em São Paulo e no Distrito Federal, além da intimação de um investigado para depoimento à PF. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Arthur Machado - um dos fundadores e CEO da Americas Trading Group (ATG), empresa que atua diretamente no mercado financeiro e foi considerada a "nova bolsa de valores brasileira" - encabeçava o esquema de corrupção. Leia a íntegra da decisão.
Segundo o MPF, em 2010, mesmo ano da fundação da ATG, Arthur Machado constituiu o fundo de investimentos em participação Eletronic Tranding Brazil (FIP ETB), para angariar recursos na "nova bolsa". Tal projeto teve dois grandes investidores iniciais, as empresas de responsabilidade do próprio empresário e o fundo de pensão Postalis, que ingressou como cotista investindo R$ 119 milhões.
[SAIBAMAIS]Em 2013, o Serpros começou a adquirir cotas do FIP ETB, realizando até 2015, o aporte total de R$ 72 milhões no fundo de investimento. Além disso, os dois fundos compraram títulos de dívidas (debêntures) nos valores de R$ 107 mil e R$ 241 mil, respectivamente de outra empresa ligada a Arthur Machado, a Xnice Participações.
Com o auxílio de acordo de colaboração premiada, foi possível descobrir que os investimentos dos referidos fundos de pensão se deram em contrapartida a vantagens indevidas pagas por Arthur Pinheiro Machado.
O Ministério Público afirma que o empresário empregou uma série de sofisticados esquemas de lavagem de dinheiro, com o auxílio de doleiros da organização criminosa de Sérgio Cabral, com o objetivo de "gerar os reais em espécie no Brasil, necessários para o pagamento de vantagens indevidas aos responsáveis pelos fundos de pensão."