O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, saiu em defesa de Michel Temer após acusações contra o coronel aposentado da Polícia Militar João Batista Lima Filho, amigo pessoal do presidente. Para o articulador político do Palácio do Planalto, tudo não passa de uma tentativa de desestabilizar o governo.
Na terça-feira (10/4), um dia depois de denuncia ser aceita contra ele o e outras pessoas próximas a Temer, foi revelado que investigações do Ministério Público Federal (MPF) encaminhadas à Justiça federal apontam que Lima Filho teria o papel de "auxiliar demais integrantes do núcleo político na arrecadação de propina, em especial seu líder Michel Temer".
"Vejo muitas dessas questões em capítulos. A própria falta de cautela ou agressividade de alguns setores a se referirem ao presidente, sem provas a corroborar as afirmações que fazem. No meu entender, vejo essa questão como mais um capítulo dessa perseguição que se faz ao governo, e nós já aprendemos a navegar na tempestade", declarou Marun.
O ministro avaliou, ainda, que Temer é o maior presidente da história do país. "Nunca houve um governo tão eficiente quanto o nosso. E isso foi conquistado em nem dois anos de governo, em meio à maior perseguição já sofrida por um presidente da República no exercício do mandato", avaliou.
Não apenas Lima Filho é suspeito e investigado pelas autoridades. A mulher dele, Maria Rita Fratezi, teria, segundo o jornal Folha de S. Paulo, pago em dinheiro vivo os custos de uma reforma na casa de uma das filhas de Temer. As afirmações são atribuídas pela reportagem a Piero Cosulich, dono da Ibiza Acabamentos, uma das empresas que entregaram material de construção civil na residência.
Marun também desqualificou as declarações do fornecedor. ;Não sei se ele está dizendo a verdade. Não tenho por que afirmar que algo assim teria acontecido. Eu não tenho como afirmar que isso é verdade e vejo isso tudo como mais um capítulo dessa novela de perseguição contra, repito, o melhor presidente da República por ordem de mandato. O mais eficiente;, afirmou.
Pedido de impeachment de Barroso
O ministro-chefe da Secretaria de Governo desistiu, ainda, de entrar com um pedido de impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi tomada após conversas com Temer, que deseja evitar atritos com a Corte.
A ideia de pedir o impeachment de Barroso foi anunciada por Marun em 13 de março. Um dia antes, o magistrado havia restabelecido monocraticamente ; e em partes ; o decreto de indulto natalino editado por Temer, em 2017. No entendimento do articulador político do governo, a decisão foi inconstitucional.
Antes disso, em 5 de março, Marun havia demonstrado irritação com Barroso depois de o ministro autorizar a quebra de sigilo bancário de Temer, em razão do inquérito da Polícia Federal que investiga um suposto favorecimento do presidente ao setor portuário, por meio de um decreto presidencial que alterou regras de concessões na atividade econômica. No entendimento de Marun, a medida é inconstitucional.
As duas situações levaram o ministro de Temer a cogitar pedir licença e reassumir o cargo de deputado federal para dar entrada no pedido de impeachment. Na avaliação de Temer, contudo, a iniciativa, ainda assim, seria vista como uma ação do governo. Mesmo com a desistência, Marun não se furtou em voltar a criticar Barroso nesta quinta-feira. ;Tenho convicção de que, em vários momentos, o ministro tem desrespeitado a Constituição nas suas decisões. E tem, digamos, deixado que suas preferências político-partidárias se revelem nas suas decisões;, declarou.