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Na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde passou a noite, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantinha a decisão, na manhã desta sexta-feira (6/4), de não se entregar à Polícia Federal (PF) em Curitiba, conforme o Correio adiantou ontem. O petista está no local, em São Bernardo do Campo (SP), na companhia dos filhos, amigos e dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT). A expectativa é que ele permaneça lá durante todo o dia.
No despacho em que determinou a prisão, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato na primeira instância, concedeu ao ex-presidente Lula a possibilidade de se entregar voluntariamente, dando, para isso, o prazo de 17h desta sexta-feira. No entanto, o ex-presidente montou toda uma estratégia para transformar sua prisão em um grande fato político e se tornar protagonista do ato da prisão.
O petista combinou manter uma equipe de fotógrafos e videastas particulares em São Bernardo (SP) para que toda a ação da Polícia Federal seja registrada, de forma a espalhar as imagens para o mundo e ter o controle de parte do roteiro da prisão. Ele acredita que, dessa forma, se tornará, efetivamente, uma grande vítima de um sistema que está punindo um inocente.
[SAIBAMAIS]Lula avisou aos mais próximos que ficará o tempo que for necessário na prisão e não quer saber de tornozeleira. Na cadeia, registrará todos os detalhes do seu dia a dia, repassando as informações a assessores com o intuito de provocar comoção, sobretudo entre seus seguidores, mantendo-se, assim, presente no noticiário.
Ele definiu, ainda, que vai registrar oficialmente a candidatura ao Palácio do Planalto. E terá como vice Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo. O petista insistirá que só não conseguirá concorrer porque estará sendo vítima de um golpe. Ele vai se amparar no fato de que a sentença ainda não transitou em julgado e, assim, tem os direitos políticos mantidos.
Força para retomar Planalto
Tão logo o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) negue o registro da candidatura, Lula lançará Haddad como cabeça de chapa. Nessa altura, acredita o ex-presidente, Haddad terá ganhado musculatura eleitoral e terá votos suficientes para ir ao segundo turno com chances de sair vencedor das urnas.
A estratégia de Lula tem por objetivo manter o PT vivo e no jogo. Sua prisão, portanto, terá a função de garantir ao partido força suficiente para retomar o controle do Palácio do Planalto. Lula sabe que, se bem trabalhada do ponto de vista de marketing, a prisão será um trunfo num jogo que muitos dão como perdido.
Lula já consultou seus aliados mais próximos. Muitos veem a estratégia com ressalvas, mas estão dispostos a dar o suporte necessário para que o ex-presidente consiga atingir seus objetivos. Colocar a PF em uma saia justa e tirar proveito político da prisão.