Minas Gerais, Tocantins, Espírito Santo, Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Roraima, Rondônia e Bahia terão chapas para governador da Rede. Mesmo com recursos escassos - se comparados a outros partidos - a sigla pretende ter número igual ou superior de candidatos aos governos.
O PSDB, por exemplo, discute alianças locais e ainda não lançou oficialmente nenhuma pré-candidatura, mas pretende anunciar entre 10 e 12 nomes. A expectativa dos emedebistas é encabeçar chapas em até 14 Estados. O PT, em dez.
"Decidimos que teríamos nos Estados pelo menos uma candidatura majoritária para dar suporte à campanha de Marina Silva. As majoritárias dão uma visibilidade muito importante para a presidencial", disse Lucas Brandão, coordenador da Rede. Além dos pré-candidatos a governador já anunciados, o partido também vai lançar até 17 candidatos ao Senado.
Os nomes da Rede para o Executivo estadual devem enfrentar a mesma dificuldade de Marina no plano federal: se a sigla não conseguir se manter com cinco parlamentares no Congresso, não têm lugar garantido nos debates de televisão. Além disso, com a bancada reduzida, se não fecharem aliança com outros partidos, terão apenas cerca de 12 segundos de propaganda eleitoral, segundo cálculos da própria legenda.
Entre os pré-candidatos da Rede estão "veteranos" da política, como o deputado federal Miro Teixeira (RJ) - na Câmara desde 1971 -, até o autor da Lei da Ficha Limpa, o ex-juiz Márlon Reis (TO).
Lançado em Santa Catarina, Rogério Portanova já passou pelo PT, PMDB e PV. Há três anos, foi um dos fundadores da Rede. "Se as eleições fossem hoje, eu não teria chance, sou pequeno, não tenho recursos", disse. Por que concorrer, então? "Eleger a Marina é o principal objetivo, desde a primeira reunião. Estou ancorando dois grandes projetos: fazer campanha para a Marina e fazer candidatos em todas as regiões do Estado para eleger pelo menos um deputado estadual".
Com o discurso da terceira via, que acompanhou Marina nas duas últimas eleições presidenciais, os nomes da Rede nos Estados também enfrentam dificuldades de fechar alianças com partidos tradicionais.
João Batista Mares Guia, pré-candidato mineiro, foi fundador do PT e secretário de Educação do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) - condenado no mensalão mineiro a mais de 20 anos de prisão -, afirma que "não tem como fazer coligação no primeiro turno". Irmão do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, ele diz que os partidos representam "as mesmas elites que há anos e anos vem governando Minas Gerais".
Em Rondônia, o cientista político Vinicius Raduan Miguel, de 33 anos, vai concorrer a um cargo público pela primeira vez. Raduan Miguel faz parte do grupo das candidaturas cidadãs da Rede - integrantes de movimentos que pretendem ingressar na política, sem necessariamente fazer parte organizacional do partido. Na sexta-feira, 23, o partido anunciou uma aliança com a Frente Favela Brasil em São Paulo. Nesta segunda, 26, será a vez do Brasil 21.
Dinheiro
Fundada em 2015, a Rede receberá neste ano R$ 780 mil do Fundo Partidário - dinheiro que não pode ser usado integralmente na campanha. O Tribunal Superior Eleitoral só deve divulgar os valores exatos em junho, mas a sigla deve receber R$ 10,7 milhões do fundo eleitoral público. A soma é inferior ao que o PT, MDB e PSDB receberão apenas de Fundo Partidário - R$ 17,2 milhões, R$ 13,8 milhões e R$ 14,2 milhões, respectivamente. Do fundo eleitoral, o MDB deve receber ainda R$ 243,2 milhões, o PT, R$ 212,3 milhões e o PSDB, R$ 185,8 milhões.
A Rede deve entrar com ação nas próximas semanas no Supremo Tribunal Federal questionando a distribuição do fundo para ampliar de 2% para 5% a parte que é repassada igualitariamente - o que representaria mais R$ 2 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.