O PSDB paulista realiza neste sábado (17/3) prévias para escolher seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes, numa disputa na qual o prefeito de São Paulo, João Doria, deverá enfrentar o ex-senador José Aníbal, o deputado Floriano Pesaro e um quase desconhecido, o cientista político Luiz Felipe D;Avila. O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, desistiu da convenção. A disputa reflete duas tendências: uma insatisfação dos tucanos que desejam a candidatura própria e o antigo desejo do governador Geraldo Alckmin de que a legenda apoiasse o vice Márcio França, do PSB. O que pode mudar de hoje para amanhã?
Os caciques do PSDB, principalmente Fernando Henrique Cardoso acenderam a luz amarela em relação à candidatura do governador Geraldo Alckmin a presidente da República. E querem pôr um ponto final na disputa paulista, para depois articular os palanques nos demais estados, a começar por Minas Gerais. Já conseguiram convencer o senador Antônio Anastasia, que governou o estado por oito anos e goza de grande popularidade, a disputar novamente o Palácio da Liberdade, garantindo um palanque para Alckmin no maior estado do país.
As disputas paulistas, porém, estão imobilizando Alckmin, que enfrenta o descolamento de aliados tradicionais, a ponto de o DEM ter lançado a candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJU), a presidente da República. O deputado Benito Gama (PTB-BA), velha raposa política e aliado natural do governador paulista, numa roda em Brasília, chegou a compará-lo com um velho avião russo que fazia escala em Salvador na linha Buenos Ayres-Moscou: ;Parece o Ilyushin levantando voo, só conseguia chegar na altura de cruzeiro lá no Recife;. O IL-62 foi primeiro jato comercial de longo alcance da antiga União Soviética, entrou em serviço num voo para Montreal, em 1967.
Ordem unida
Alckmin tentou adiar as prévias e dificultar o lançamento de candidatos, mas a taxa de R$ 45 mil de inscrição nas prévias não foi à frente. Mesmo que não haja desistência, Doria é o favorito na disputa, embora Aníbal e Floriano tenham mais tradição partidária. O vento mudou a seu favor na convenção por causa da provável aliança do PSB com o candidato do PDT, Ciro Gomes, uma espécie de renegado tucano. Márcio França, até então um aliado incondicional de Alckmin, começa a emitir sinais de que não apoiará o tucano e seguirá a orientação de seu partido.
Na articulação de sua candidatura, França opera como se já fosse o governador paulista, atraindo aliados de Alckmin contra Dória. Joga bruto para isolçar Doria e atrair seus adversários no PSDB. Mas esse posicionamento dúbio em relação a Alckmin começa a provocar uma espécie de realinhamento de forças internas no PSDB. Além disso, a saída de Doria da Prefeitura de São Paulo também serve para a reacomodação dos tucanos. O vice Bruno Covas, neto do ex-governador Mário Covas, é um ;puro sangue; no ninho.