Jacqueline Saraiva
postado em 15/03/2018 14:00
Horas após o assassinato brutal da vereadora Marielle Franco, 38 anos, e do motorista Anderson Pedro Gomes, 39, a Polícia Civil do Rio de Janeiro segue com as investigações para tentar identificar os criminosos. Para isso, já ouviu ao menos duas testemunhas, uma delas a assessora de Marielle, que seguia com os dois no carro. Imagens de câmeras de segurança devem ajudar na apuração.
O chefe da Polícia Civil do Estado do Rio, Rivaldo Barbosa, disse nesta quinta-feira (15/3), que os assassinatos"atentam contra a democracia". alegando sigilo nas investigações, mas afirmou que a polícia "não descarta nenhuma possibilidade". A Polícia Federal ofereceu ajuda nas investigações, mas o chefe da polícia civil disse que a instituição tem todas as condições de resolver o caso.
O que se sabe até agora:
>> Como aconteceu
Marielle Franco participou de um evento chamado "Jovens Negras Movendo Estruturas", na Lapa. Por volta das 21h30, o veículo em que estavam Marielle, Anderson e uma assessora da vereadora trafegava pela rua Joaquin Palhares, no Estácio, região central do Rio de Janeiro.
Um carro emparelhou ao deles e disparou a uma distância de aproximadamente dois metros. Os tiros foram dados de trás para frente, principalmente em direção ao lado direito do banco traseiro (onde a vereadora estava sentada)
; Possível execução
A investigação não descarta execução, mas considera todas as hipóteses. O fato de Marielle estar no banco traseiro do carro, que tinha vidros escurecidos, são um indicativo de que os assassinos acompanharam a vereadora por algum tempo, sabendo sua exata posição no veículo. Marielle não tinha o hábito de sentar no banco de trás do carro. Os criminosos fugiram sem levar nada.
O modus operandi do crime lembra o da emboscada que matou a juíza Patrícia Acioli em 2011, assassinada com 21 tiros por sua atuação contra grupos de milicianos
>> Total de tiros
Marielle levou ao menos quatro tiros na região da cabeça e pescoço e morreu na hora. O motorista Anderson levou cerca de três tiros nas costas e morreu na hora. Ao menos nove cápsulas de balas foram encontradas próximo ao veículo da vereadora. Ainda não se sabem quantos disparos foram feitos no total.
>> Testemunhas
A assessora de Marielle estava no banco da frente e foi atingida pelos estilhaços. Ela foi levada ao hospital e passa bem, mas está muito abalada. Ela é considerada a principal testemunha do crime e prestou depoimento durante toda a madrugada. Por questões de segurança, ela não teve o nome divulgado. Outra testemunha já foi ouvida pela polícia. A investigação segue sob sigilo.
O secretário Estadual de Direitos Humanos do Rio, Átila Alexandre Nunes, afirmou que o órgão está deixando o programa de proteção à disposição das testemunhas da morte de Marielle Franco.
>> Pistas
A Polícia Civil do Rio busca imagens das câmeras de segurança próximas ao local do crime para auxiliar nas investigações. O caso foi colocado sob responsabilidade da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio.
[FOTO1124784]
>> Sem ameaças recentes
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) afirmou que Marielle Franco não vinha sofrendo ameaças. Ele disse ainda que as denúncias que ela vinha fazendo sobre abusos de policiais militares não tinha nenhum nome específico, mas disse que o assassinato tem "características nítidas" de execução
>> Denúncias feitas pela vereadora
Em 10 de março, Marielle havia denunciado, em seu perfil no Facebook, indícios de que policiais do 41; Batalhão de Polícia Militar haviam cometido abusos de autoridade contra os moradores do bairro de Acari. Ela havia assumido recentemente a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção.
[FOTO1124585]