O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que pensa todos os dias na possibilidade de vir a ser preso devido às condenações que recebeu, em primeira e segunda instâncias, no processo sobre o triplex do Guarujá. Mesmo, assim, garantiu, em entrevista à Agência France-Presse, que não tem medo nem está preocupado.
Ao ser perguntado se a chance de a sentença ser cumprida passa por sua cabeça, o petista respondeu: "Passa todo dia". Depois, emendou: "O problema é que eu não tenho medo e não estou preocupado. Toda história tem consequências. Uma prisão pode durar muito tempo, como a de (Nelson) Mandela, que durou 27 anos, ou pode durar muito pouco tempo, como a de (Mahatma) Gandhi".
Lula afirmou que sua única preocupação é mostrar sua inocência e deu sinais de que não aventa a possibilidade de não cumprir a decisão da Justiça caso sua prisão seja determinada. "Não vou para nenhuma embaixada, não peço asilo político, não vou me esconder, não vou me matar. Eu vou brigar. A única coisa que me motiva é brigar, porque eu tenho uma única coisa para defender, que é minha inocência."
O ex-presidente também se disse disposto a ir até o fim na luta por sua candidatura. "Está cheio de pessoas que não têm 1% de aceitação e querem ser candidatos, porque é que eu que tenho 40% não quero ser?", indagou. Para ele, há um grande movimento para impedir sua campanha.
"Meus adversários e uma grande parte da elite econômica brasileira não querem que eu seja candidato à Presidência da República, e a única forma que eles encontraram para evitar que eu seja candidato foi uma quantidade de mentiras, uma quantidade de inverdades, ou seja, quase que um crime contra nossa própria Constituição. Eu tenho desafiado a Polícia Federal, o Ministério Público, o juiz a provar um crime que eu tenha cometido. Enquanto isso, eu vou fazendo campanha."
Lula falou também do documento que está preparando, nos moldes da Carta ao povo brasileiro, lançada antes de sua primeira eleição, em 2002, e que, apesar do nome, buscava falar ao mercado, temeroso com sua vitória. "Agora, eu quero fazer uma carta ao povo brasileiro para o povo brasileiro, assumindo o compromisso com o povo, o que quero fazer neste país. É possível fazer as coisas diferentemente do que está sendo feito. Você não tem que vender patrimônio público. Você não tem que fazer corte na educação, na saúde, nas ciências e na tecnologia para poder equilibrar as finanças publicas."