Agência France-Presse
postado em 31/01/2018 10:43
A condenação a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4; Região (TRF-4) não reduziu a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aponta pesquisa do Instituto Datafolha publicada nesta quarta-feira (31/1) pelo jornal Folha de S. Paulo.
Como no levantamento anterior, realizado em dezembro passado, o petista aparece em primeiro lugar nas intenções de voto dos brasileiros para presidente, com 34% a 37%, dependendo de quem são seus concorrentes.
Em segundo lugar, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) oscila entre 16% e 18%, índices bem próximos dos apontados na pesquisa anterior, quando ele obtinha entre 17% e 19% da intenções de voto para presidente.
A sondagem foi realizada em 29 e 30 de janeiro, poucos dias depois que o TRF4, de Porto Alegre, confirmou, em 25 de janeiro, a condenação de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, além de elevar sua pena a 12 anos e um mês de prisão.
Cenários sem Lula
Como a condenação em segunda instância pode tirar Lula da campanha, por causa da Lei da Ficha Limpa, o instituto de pesquisa testou vários cenários sem o ex-presidente na disputa. Em todos eles, Bolsonaro lidera, garantindo vaga no segundo turno, com 18% a 20% das intenções de voto. Ele, no entanto, seria derrotado no segundo turno pela ecologista Marina Silva ou pelo vice-presidente do PDT, Ciro Gomes.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, também teria vantagem sobre Bolsonaro em um segundo turno, apesar de dentro da margem de erro, de 34% das intenções de voto contra 32% para Bolsonaro.
O número de pessoas que votariam em branco ou nulo ou de abstenções varia entre 14% e 19% em todas as hipóteses de primeiro turno nas quais Lula figura. Sem Lula, somariam entre 24% e 32%. Lula foi condenado no processo que envolve o apartamento tríplex no Guarujá, que teria sido presenteado a ele pela construtora OAS em troca de contratos com a Petrobras.
Lula enfrenta outros seis processos, mas se declara inocente em todos e denuncia uma perseguição judicial com o objetivo de impedir sua volta ao poder. "Quanto mais me acusam, quanto mais me perseguem, mais subo nas pesquisa", afirmou ele em uma teleconferência feita na semana passada ante um congresso sobre a luta contra a fome na Etiópia.
Voto fiel, mas não cativo
Mas Lula, apreciado por sua políticas sociais e que parece ter assegurado a fidelidade à toda prova de mais de um terço do eleitorado brasileiro, não consegue transferir essa fidelidade tão facilmente. Segundo a pesquisa, 53% de seus eleitores se negariam a apoiar um candidato designado por seu líder, caso ele não possa disputar a eleição. E apenas 27% acatariam sua orientação de voto.
Trinta e um por cento dos eleitores de Lula afirmam que, sem ele, votarão em branco, nulo ou optarão pela abstenção. Lula, no entanto, continua ostentando o mais alto índice de rejeição, com 40%.
É apenas superado pelo presidente Michel Temer (60%) e o ex-presidente Fernando Collor (44%), que anunciou recentemente sua intenção de voltar ao poder, acreditando, talvez, que a onda de escândalos que sacode o Brasil nos últimos anos poderá apagar sua agitada presidência e posterior renúncia em 1992, em meio a um processo de impeachment.