De olho no Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reabre os trabalhos legislativos na semana que vem disposto a acelerar a pauta econômica e, também, colocar em debate assuntos sociais e de segurança pública, para dar um verniz popular à reta final de sua gestão. O governo torce para que as pretensões eleitorais do parlamentar do DEM não o distanciem ; ao menos por enquanto ; do presidente Michel Temer. O conflito, contudo, será inevitável. O Executivo espera dele empenho na aprovação das reformas, sobretudo a da Previdência. Os sindicatos lutam para que Maia não avance na pauta.
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;Prejudicar quem trabalha, o Temer já faz. O Maia precisa encontrar uma pauta que faça a economia crescer e os empregos voltarem;, afirmou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), que, inclusive, já propôs um projeto que desonere o botijão de gás. ;O preço do gás está pesando no bolso dos brasileiros. Um pré-candidato precisa ter isso em mente;, defendeu.
Correligionário de Maia, o deputado Alberto Fraga (DF) quer ver o companheiro voltado às pautas de segurança pública, outra demanda da população. ;Entre as propostas que levamos a ele estão a criação do Sistema Único de Segurança Pública, nos mesmos moldes do SUS (Sistema Único de Saúde) e a votação do Estatuto do Desarmamento;, confirmou o parlamentar. O líder do DEM na Casa, Efraim Filho (PB), não vê riscos de uma mudança de comportamento de Maia agora que ele está de olho no Planalto. A convenção do partido está marcada para 8 de março.
;O Rodrigo tem se portado de maneira equilibrada, pensando no país. Ele não fará loucuras neste momento;, apostou Efraim. Líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (RS) tampouco espera diferenças na postura de Maia. Ele acusou o presidente da Casa de se comportar como líder do governo, e não como magistrado que pauta os trabalhos da Câmara. ;Neste momento em que ele pretende se candidatar com o apoio do Planalto, a lealdade deve ser ainda mais intensificada;, disse o petista.
Por enquanto, o Planalto dá corda aos desejos presidenciais de Maia, esperando que isso renda frutos na aprovação das reformas. Para interlocutores de Maia e Temer, não aprovar as mudanças na Previdência significa dar munição ao discurso da esquerda. Aliados do presidente se animaram com o discurso otimista de Maia, alinhado ao do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. ;Ele (Maia) ainda não tem uma bandeira para chamar de sua. A defesa da reforma, além de o colocar em alta perante a base e os investidores, ainda aumentará a pressão para que Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo) consiga os votos do PSDB;, afirmou um governista.
Cartas na manga
De olho no Planalto, Rodrigo Maia tem longa lista de assuntos sob seu comando
; Reforma da Previdência
Ainda não há garantia de votação, mas governo mantém esperança de análise a partir de 19 de fevereiro
; Privatização da Eletrobras
Governo está de olho na venda da estatal, mas ainda esbarra em uma decisão do juiz de primeira instância Carlos Kitner, da 6; Vara Federal de Recife
; Reforma Trabalhista
Medida Provisória, pendente de votação, que altera pontos importantes, como os contratos de trabalho intermitentes e as verbas remuneratórias
; Servidores
Medida provisória que adia reajuste e aumenta a contribuição previdenciária dos servidores. Validade suspensa por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal
; Fundos de investimento
Medida provisória trata do imposto sobre a renda incidente nas aplicações em fundos de investimento. Segundo Banco Central, isso poderá representar um aumento de arrecadação de R$ 10 bilhões
; Regra de ouro
Governo analisa se elabora PEC para flexibilizar a regra de ouro. O próprio Maia é a favor, posição distinta da do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles
; Companhias aéreas
Projeto de Lei amplia de 20% para 100% a presença do capital estrangeiro nas companhias aéreas
; Municípios
Medida Provisória prevê a liberação e R$ 2 bilhões para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
; PIS/PASEP
Ampliação do saque dos PIS/Pasep para pessoas a partir de 60 anos, extensivo a dependentes e herdeiros
; Lei Geral de Licenciamento Ambiental
Estabelece previsibilidade e agilidade ao processo de licenciamento ambiental. Tramita em regime de urgência
; Estatuto do Desarmamento
Amplia a possibilidade de porte de armas para pessoas as terem em suas residências
; Segurança Pública
Criação do Sistema Unificado de Segurança Pública, a exemplo de como funciona o SUS
; Aborto
Proibição do aborto em todos os casos, inclusive estupro