Ao ter a candidatura ao Palácio do Planalto confirmada um dia depois de ser condenado em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (25/1) que o Judiciário formou um ;cartel; para confirmar a decisão do juiz Sérgio Moro e aumentar sua pena para 12 anos e um mês de prisão. O petista, que se comparou a Jesus Cristo e disse que foi condenado por cometer o ;delito; de governar para os mais necessitados. Segundo ele, por esse quesito, ele merecia 300 anos de prisão.
"Tenho um grande delito porque sou do PT, gosto dos pobres, sou contra o preconceito. Eles tem que saber que se forem me condenar por isso eu mereço 300 anos de cadeia, porque governarei para os pobres, para os negros, os índios e os que mais precisam", disse.
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;Esse ser humano simpático que está falando para vocês não tem nenhuma razão para respeitar a decisão de ontem, porque quando as pessoas se comportam como juízes, eu sempre respeitei, mas quando se comportam como se fossem dirigentes de partido político, contando inverdades a respeito de uma pessoa, não posso respeitar. Se eu respeitar essa decisão perderei o respeito dos meus netos, dos meus filhos e de vocês;, disse.
Jesus
Lula comparou seu julgamento ao de Jesus Cristo. ;Às vezes acho que é a maior injustiça na sociedade. Não é verdade, Jesus Cristo foi condenado à morte recém-nascido e se José não corresse tinha sido morto;, disse. Segundo Lula, ;era uma tentativa de julgar alguém que vinha fazer uma coisa boa;, afirmou. Em seguida, o petista disse que a imprensa diria que ele estava se comparando a Jesus e disse que estava ;longe disso;.
O ex-presidente diz ter a consciência tranquila por ter sido julgado pelas ;coisas boas; que fez neste país. Lula afirmou que estão usando o aparelho do estado e as instituições conta ele. De acordo com ele, diferentemente do que era feito na ditadura, estão construindo um ;pacote; entre instituições e mídia para condená-lo.
Lula pediu aos militantes do PT que não abaixem a cabeça e afirmou que o que tem a oferecer é somente sua inocência. Se dirigindo à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Lula disse que não está sendo lançado para disputar a eleição. ;Não pense que você está lançando um candidato para disputar, eu quero ser candidato é para ganhar as eleições e governar este país;, afirmou.
Ladrão
O petista disse que o que mais mexeu com sua honra foi ser taxado de ladrão por causa do processo do triplex no guarujá e outros que investigam atos de corrupção supostamente cometidos por ele. ;Aceito que me chamem até de corintiano, mas não posso aceitar que qualquer canalha desse país me chame de ladrão;, disse.
Lula disse ser vítima de uma trama articulada entre polícia, Ministério Público, Judiciário e imprensa. Aos militantes, Lula pediu que sua campanha ao Palácio do Planalto seja levada adiante mesmo com sua eventual ausência.
Segundo Lula, as pessoas que o condenaram continuam com as ;canetas na mão; e vão tentar criar obstáculos para sua participação na corrida eleitoral. ;Por isso é importante que essa candidatura não dependa do Lula, essa candidatura só tem sentido se vocês forem capazes de fazê-la mesmo que aconteça uma coisa indesejada, é colocar o Brasil em movimento;, afirmou.
Mesmo com as críticas, Lula disse ainda acreditar na Justiça e que continuará recorrendo até às últimas instâncias para provar sua inocência. Ele chegou a dizer que estava alegre, mas depois disse que seu estado seria melhor definido como ;consciência tranquila;. "Não sofri tanto, porque sempre acreditei que iria ser do jeito que foi. Obviamente que não estou feliz, mas duvido que alguns deles que me julgaram estão com consciência tranquila como estou hoje com vocês", afirmou.
Segundo Lula, houve uma orquestração entre os magistrados que o condenaram no TRF4 para evitar recursos no processo. "Pode até mandar pro CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), porque se é verdade o que as pessoas dizem, um cidadão ficou seis meses com o processo, o outro seis dias e o outro nem tinha pegado para ler. E construíram um cartel para dar uma decisão unânime e evitar o tal embargo infringente. Só pode ser isso", disse. Lula acredita que a articulação tenha sido para apressar uma decisão que evite sua candidatura ao Planalto.
O ex-presidente viaja ainda nesta quinta-feira (25) para a Etiópia para participar de um fórum de discussão sobre a pobreza.