Especificamente, aliados do ex-presidente do Congresso afirmam que Sarney jamais foi consultado sobre a substituição no Ministério do Trabalho e que, por isso, não haveria razão para acreditarem que ele impôs qualquer veto. Presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson disse que é o momento de decantar as coisas. ;Vamos esperar até o fim do mês para ver como as coisas se acomodam. Sugeri ao presidente que deixasse até o fim deste mês o secretário executivo na pasta para que pudéssemos escolher um novo nome;, disse Jefferson ao Correio.
Quem não gostou nada do adiamento da definição foi o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). ;Por uma questão ética, eu nunca vetei indicações feitas por outros partidos para ministérios. Não entendo porque outras legendas querem vetar o nome do PTB;, reclamou Jovair. Ele e Jefferson negaram que a saída de Ronaldo Nogueira tenha a ver com uma insatisfação do Planalto quanto à proximidade entre o ex-ministro e o líder da bancada. ;Se havia isso, não sei. Jovair e Ronaldo foram comigo, pessoalmente, após o Natal, levar o nome do Pedro como nosso indicado para a pasta;, completou o presidente nacional do PTB.
A verdade é que o nome de Pedro Fernandes jamais foi consenso dentro do governo. O Correio antecipou, antes da virada do ano, que o presidente Temer e o núcleo palaciano mais próximo ao gabinete presidencial resistiam a apoiar o parlamentar maranhense. Interlocutores do Planalto afirmaram que era preciso aguardar o retorno do presidente aos trabalhos para confirmar qualquer indicação. O governador do Maranhão, Flávio Dino, não é apenas desafeto de Sarney. Ele foi um dos mais ativos governadores a trabalhar contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que o torna persona non grata entre os peemedebistas.
Por enquanto, o que há de garantido é que o Ministério do Trabalho continuará sob o comando do PTB. O Planalto não quer comprar uma briga com uma legenda fiel às vésperas da votação da reforma da Previdência. O nome que surge com mais força como alternativa a Pedro Fernandes é do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que, ao relatar o processo de cassação de um colega, afirmou estar pouco ;se lixando para a opinião pública;.
;Moraes era a nossa primeira opção, antes mesmo de escolhermos o Pedro. Ele disse que toparia, já que não pretende concorrer a um novo mandato de deputado federal. Mas nos avisou que, por problemas familiares, só poderia assumir o Ministério depois de abril. Por isso, ele tornou-se inviável;, lembrou Jovair. ;Mas o nome dele continua em alta;, completou o líder petebista.
Foco no emprego em 2018
Em entrevista ontem à TV Brasil, o secretário-geral da Presidência, ministro Moreira Franco, reforçou o que já havia dito ao Correio: um dos principais focos do governo neste ano que entra será a geração de empregos. ;Novos empregos significam renda. Renda significa o restabelecimento da confiança, da autoestima. E as pessoas passam a olhar-se com muito mais respeito, com muito mais afeto a si próprias e a seus familiares, à sua comunidade do que no ambiente de crise, de desesperança, de incertezas;, disse o ministro.
Ele repetiu a necessidade de uma reformulação no processo de qualificação dos empregos. O governo tem sido bastante crítico ao modelo anterior, adotado pela gestão petista no Pronatec. ;A melhoria da produtividade mobiliza necessariamente a qualificação de mão de obra empregada, e a não mão de obra desempregada. A cultura brasileira dá a qualificação para a mão de obra desempregada. E muitas vezes a pessoa tem acesso a um tipo de conhecimento que nem vai usar, porque ela não está empregada e o emprego que encontra não é um emprego que esteja numa linha direta, decorrente do que foi aprendido no curso de qualificação;, justificou. ;Então, para aumentar a produtividade, é necessário que se mude a política de qualificação;, completou.