O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro apresentou mais duas denúncias envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-chefe da Casa Civil Régis Fichtner e o empresário Georges Sadala. Também foram alvo das duas denúncias Luiz Carlos Bezerra e Wilson Carlos, que, segundo o MPF, eram os operadores da organização.
Os procuradores afirmam que Fichtner recebeu cerca de R$ 1,5 milhão, entre 2007 e 2014, sendo uma das fontes a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetranspor). As denúncias foram apresentadas à Justiça Federal na última terça-feira (19/12) e divulgadas nesta quinta-feira (21/12).
;No período compreendido entre janeiro de 2007 e abril de 2014, por pelo menos 20 vezes, reveladas por aportes de valores em espécie a título de um total de R$ 1.560.000,00, Régis Fichtner, de modo consciente e voluntário, solicitou, aceitou promessa e recebeu vantagem indevida em razão do exercício da chefia da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, angariada e distribuída pela organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral, sob orientação e anuência deste, cuja entrega era feita por Luiz Carlos Bezerra;, dizem os procuradores na denúncia.
Segundo eles, Fichtner foi a pessoa estrategicamente colocada na chefia da Casa Civil para garantir os arranjos jurídicos necessários para viabilizar os planos de governo de Cabral, ;sempre acompanhados do recebimento de vultosas quantias de vantagens indevidas para beneficiar fornecedores do Estado do Rio de Janeiro;. Nesta denúncia, Cabral, Bezerra e Wilson Carlos são acusados de corrupção passiva.
Em outra denúncia feita pelo MPF, o empresário Georges Sadala é acusado por corrupção ativa e participação em organização criminosa. Cabral, Wilson Carlos e Bezerra são denunciados por corrupção passiva. Sadala controlava os serviços Rio Poupa Tempo, pelos quais recebeu cerca de R$ 32 milhões, tendo repassado de propina ao grupo de Cabral, segundo o MPF, cerca de R$ 1,3 milhão. Os procuradores também pedem que ele e os demais denunciados devolvam aos cofres públicos a quantia de R$ 34,7 milhões.
A defesa de Fichtner disse que são falsas todas as acusações dirigidas contra ele e que os advogados se manifestarão sobre a denúncia quando tiverem obtido acesso a seu conteúdo.
A Fetranspor afirmou desconhecer o teor de uma delação que refere-se a fatos supostamente ocorridos antes da posse de novo corpo administrativo. ;A Fetranspor vem desenvolvendo uma profunda reestruturação, que incluiu a destituição do antigo conselho e o estabelecimento de uma rígida política de compliance. A Federação permanece à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários às investigações.;
Os advogados dos demais acusados não foram localizadas pela reportagem para comentar a denúncia.