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Prestes a sair da cadeia, Marcelo Odebrecht vai passar o Natal em casa

Empreiteiro, que deixará a cadeia no próximo dia 19, ficará em prisão domiciliar até 2020, sem poder ir à Odebrecht



[SAIBAMAIS]Dentro da Odebrecht, o clima na administração é de total tensão. Uma fonte ligada à empresa, que prefere não ser identificada, afirma que a cúpula da construtora já discute o que pode mudar após Marcelo deixar a cadeia. ;Ninguém sabe o que vai acontecer de fato. Nos últimos anos, pessoas ligadas ao Marcelo e familiares foram descendo na hierarquia ou sendo afastados. Tudo isso foi feito para que ele não possa mais influenciar nas decisões, pois tudo o que ocorreu colocou em risco a existência da Odebrecht. Mas não se pode prever o que vai ocorrer. Inclusive sabemos que é possível que ele volte a tomar decisões que influenciem na gestão do grupo, mesmo que de forma mais disfarçada;, destacou.

Quando o executivo foi preso, em junho de 2015, até mesmo integrantes da Lava-Jato duvidavam que ele passasse tanto tempo na cadeia. Na época, em um grupo de WhatsApp, delegados e policiais chegaram a fazer apostas do tempo de prisão em regime fechado do empresário. Os prognósticos mais otimistas não passavam de duas semanas. Com o tempo essa perspectiva foi mudando, com a revelação de um departamento de propinas na empresa. Procurada pela reportagem, a Odebrecht não quis se manifestar. A defesa de Marcelo não retornou as ligações.

Colegas de trabalho de Marcelo definem a personalidade do executivo como o de uma pessoa discreta, que fugia de exposições e um grande estrategista. O perfil do executivo reforça as possibilidades de que ele volte a atuar profissionalmente em breve.

O escritor Marcelo Cabral, autor do livro O príncipe ; uma biografia não autorizada de Marcelo Odebrecht, conta que quando o empresário ocupava a presidência da empresa, ele buscava chamar pouca atenção fora das atividades profissionais. ;O Marcelo tem uma personalidade muito parecida com a do avô dele, o Norberto. Ele sempre foi muito reservado, organizado, e considerado inteligente. Ele odiava a exposição pública. Apesar do grande poder aquisitivo, todos os carros dele, por exemplo, eram modelos comuns;.

Rotina na cadeia


Durante os 30 meses de reclusão, Marcelo dá sinais de que passou por uma metamorfose. Se no início se recusava a responder perguntas do juiz da Lava-Jato em Curitiba e que chegava à cadeia com a cabeça levantada como se andasse pelos corredores da empresa que conduzia, o empreiteiro virou o detento humilde e que refletia constantemente sobre a vida.

Aos advogados, ele confidenciou a vontade de reerguer a empresa fundada pela família, sem o envolvimento em negócios ilícitos, como o pagamento de propina. Aos colegas de cela, ele deve deixar saudades, pelo menos dos momentos em que dividia alimentos levados pela família com os demais. Geralmente, o empresário fazia pizza em uma frigideira, com ingredientes de primeira qualidade deixados pelos parentes. Os alimentos eram frequentes, já que a irmã dele tem acesso garantido ao presídio, por ser advogada.


"O Marcelo tem uma personalidade muito parecida com a do avô dele, o Norberto. Apesar do grande poder aquisitivo, todos os carros dele, por exemplo, eram modelos comuns;
Marcelo Cabral, autor do livro O príncipe ; uma biografia não autorizada de Marcelo Odebrecht