Hamilton Ferrari, Ezequiel Trancoso
postado em 07/11/2017 06:00
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não esconde mais de ninguém que pretende entrar na corrida para a Presidência da República no ano que vem. O chefe da equipe econômica não diz com todas as palavras, mas demonstra claro interesse em disputar as eleições de 2018. O que deve atrapalhar, em contrapartida, a própria política do governo de ajuste das contas públicas. Parlamentares já veem o líder da equipe econômica como concorrente para os outros partidos, o que impõe barreiras na aprovação de medidas de interesse do Executivo no Congresso.
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Antes do término do ano, o Palácio do Planalto precisa aprovar medidas provisórias polêmicas, como a que adia o reajuste dos servidores em 2018 e aumenta a alíquota da contribuição previdenciária dos funcionários públicos. Além disso, representantes do governo admitem que a reforma da Previdência Social pode não ser aprovada este ano. Com o interesse de Meirelles na Presidência, os congressistas que pretendem lançar candidatos em 2018 devem deixar de lado o ajuste fiscal em prol de vencer as eleições no próximo ano.
As intenções de Meirelles em disputar o Planalto repercutiram na Câmara. O líder do governo, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), avaliou que a candidatura dependeria diretamente do sucesso da pauta econômica e que, em razão disso, uma eventual saída da pasta só ocorreria após a aprovação das reformas, sobretudo a da Previdência e a tributária. Para concorrer, o ministro teria que deixar o cargo em abril. ;Aquilo que tiver que ser aprovado do ponto de vista da economia, certamente será antes disso;, ponderou. ;Acho que só se consolida a posição dele no momento em que a economia vai bem;, completou.
Dificuldades
Segundo Cristiano Noronha, analista-chefe da Arko Advice, caso Meirelles saia do governo em 2018 para concorrer ao Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer não deve optar por nomes conhecidos, já que o período pré-eleitoral não atrai muitos interessados. ;Deve ocorrer o que aconteceu, por exemplo, entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. Quando um saiu, o secretário executivo do órgão entrou. Vai ser um ano que dificilmente o governo vai conseguir buscar e ter um nome de peso;, disse.
Na avaliação de líderes do PSD, sigla à Meirelles é filiado, o nome do ministro agrada, mas que não é a hora certa para tratar do assunto. ;Acredito que seja um nome que poderá ter um apoio interessante no momento adequado da consolidação dos candidatos, que será nos primeiros meses de 2018;, argumentou o líder do partido na Câmara, deputado Marcos Montes (PSD-MS), que convidou o ministro em setembro para ser o cabeça de chapa da sigla.
Com a economia em recuperação e a retomada do emprego, o nome de Meirelles é visto com bons olhos por outros partidos. Outras siglas já demonstram interesse na candidatura do ministro. O DEM seria um deles. O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, em viagem internacional para Lisboa, em Portugal, que o chefe da Fazenda seria um ;bom presidente;.
Montes declarou que Meirelles deve tomar uma decisão em relação à legenda em que se lançará candidato. ;O ministro terá que ter uma fala firme a respeito de sua posição partidária no PSD;, sentenciou.