Com quatro ministérios no governo de Michel Temer, o PSDB entra no mês de novembro enfrentando pressão sobre duas pastas. Interlocutores do partido pediram que a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, não faça mais declarações públicas que comprometam a sua imagem e coloquem sua cabeça a prêmio. Ao mesmo tempo, aliados de Temer em outras legendas cobram a vaga na Secretaria de Governo, que tem status de ministério e é encabeçada pelo tucano baiano Antônio Imbassahy.
Na quinta-feira, Luislinda causou polêmica ao ter protocolado um documento em que pede para receber os salários integrais de desembargadora aposentada e de ministra, o que totalizaria R$ 61 mil. Pela regra do abate-teto, a ministra não recebe além de R$ 33,7 mil do total dos dois salários, que é o teto do funcionalismo público. No documento de 207 páginas, ela afirmou que o caso, ;sem sombra de dúvidas, se assemelha ao trabalho escravo;. O governo deixou na mão do partido a decisão de sacar ou não Luislinda do cargo. Indicada pelo presidente licenciado da legenda, o senador mineiro Aécio Neves (MG), a ministra deve manter uma postura mais discreta a partir de agora.
Já no caso de Imabassahy, a pressão aumenta para que a Secretaria de Governo seja cedida a outros partidos. O descontentamento, que antes era manifestado por partidos do chamado centrão, como PP, PR e PSD, agora começa a ganhar coro dentro do próprio PMDB, que começa a cobrar uma reforma ministerial. Apesar da simpatia que Temer nutre por Imbassahy, o PSDB não se decide pelo apoio ao presidente: durante a votação que rejeitou a segunda denúncia contra o presidente, no último dia 25, o partido deu 20 votos favoráveis e 23 contrários, com 3 abstenções.