A mobilização, que também ocorreu em cidades como São Paulo, Rio, Recife, Manaus e Campinas (SP), é contra a aprovação do PLC n; 28/2017, que colocaria regras mais rígidas para o funcionamento de aplicativos de corrida no país, e que deve ser votado amanhã pelo Senado, em regime de urgência. Motoristas presentes à manifestação argumentaram que a adoção de placas vermelhas e necessidade de veículo próprio para operar o sistema seria uma maneira de coibir o serviço, e que a retirada de tantos veículos da rua causaria danos à economia e às despesas de muitas famílias.
Foi o caso de Aristomil Alves Vieira, que não conseguia mais trabalhar como garçom. "Com 57 anos, ninguém consegue emprego neste país. A minha alternativa foi ir para o aplicativo", diz o morador do Guará, que hoje financia o carro que trabalha com os rendimentos de corridas em dois aplicativos. João de Souza Neto, que trabalhava como vigilante em Taguatinga, também acorreu aos aplicativos de corrida para conseguir ter renda. "É o que me sustenta hoje. Uma semana paga aluguel, outra semana paga este carro, outra as compras", afirma.
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Todos temem a aprovação do PLC como ele está. A visão é encampada pela 99, Uber e Cabify, que dominam o setor. A proposta das companhias é que um substitutivo ao projeto, que tramita pelas comissões do Senado, seja analisado. Com regulamentações mais brandas, o texto do substitutivo, de relatoria do senador Pedro Chaves (PSC-MS), agradaria mais aos motoristas de aplicativos e menos os taxistas, que na terça-feira passada pressionaram os parlamentares a aprovarem o pedido para que o PLC fosse apreciado com urgência.
[SAIBAMAIS]De acordo com as lideranças de motoristas presentes ao Estádio Nacional, a mobilização deve continuar amanhã, prejudicando usuários que desejem utilizar o serviço. A expectativa é que, das sete da manhã ao meio-dia, os motoristas não estejam disponíveis para aceitar viagens, aumentando a demanda e, consequentemente, o preço das viagens. Se espera que, nesta terça-feira, mais mobilizações ocorram no Congresso Nacional, com liderança especulando entre cinco a dez mil o número de carros participantes de aplicativos que farão protesto no Congresso (só o Uber, em Brasília, opera com cerca de 30 mil carros).
Os motoristas presentes à manifestação afirmaram que, além da mobilização popular, as empresas estariam convidando os seus parceiros a paralisar o serviço. Em nota, tanto a Cabify quanto a Uber afirmaram que não participaram da mobilização, mas que respeitam e apoiam o direito à manifestação dos motoristas.