Apesar de ter fechado questão contra Michel Temer na votação de ontem, o PSB se mostrou um partido dividido: enquanto 22 deputados votaram pela admissibilidade da denúncia, outros 11 deputados foram a favor do arquivamento do caso (e dois deputados estavam ausentes). O racha dentro do partido chegou ao seu ápice na semana passada, quando a direção nacional do partido se reuniu para tratar da expulsão de quatro congressistas e do ministro Fernando Coelho, por apoiar o governo Temer em votações anteriores na Câmara.
Em entrevista ao CB.Poder, da TV Brasília, nesta quarta-feira, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, explicou a decisão da bancada em não apoiar o presidente. "A concepção do governo Temer é absolutamente antagônica às concepções do PSB, em relação aos problemas nacionais", afirmou. Sobre as ações do ministro do partido dentro do governo de Michel Temer, Siqueira afirmou que "se fosse colocado por nós, jamais faria a política pública que está fazendo".
Após uma liminar da Justiça impedir o partido de deliberar sobre a expulsão dos seus membros na semana passada, o partido remarcou a tentativa de expulsão para esta semana. Como todos os investigados - os deputados Fábio Garcia (MT), Danilo Forte (CE) e Tereza Cristina (MS), além do ministro - já entregaram suas cartas de desfiliação, a reunião foi cancelada.
Entre os deputados do PSB que votaram para barrar a denúncia contra Temer, estão deputados como Átila Lira (PI), Maria Helena (RR) e Heráclito Fortes (PI), que tem processos dentro do conselho de ética do partido justamente por descumprir decisões do partido. Enquanto os casos de Tereza Cristina, Danilo Forte e Fábio Garcia terminaram com o pedido de desfiliação da legenda, os deputados rebeldes que ainda estão no partido poderão sofrer novas sanções internas.
Agora, a saída dos deputados para o DEM pode minguar ainda mais a base do partido - que passou de 35 para 31 deputados essa semana. Depois desta semana, a legenda liderada pelo mineiro Júlio Delgado (MG) pode chegar a 26 deputados, o que tornaria a bancada menor que o DEM (que passaria de 30 para 35) e ligeiramente maior que o PRB, que tem 21 membros.