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Renan: 'Não sabia que Geddel era o chefe. Para mim, o chefe dele era outro'

Geddel foi preso em julho por tentativa de obstrução de justiça, mas colocado em prisão domiciliar dias depois

Após uma série de críticas ao presidente Michel Temer ao longo da semana, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) rechaçou a tese da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que o ex-ministro Geddel Vieira Lima "parece" ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa. Pelo Twitter, Renan insinuou que o "chefe" de Geddel seria outra pessoa, sem citar o nome do presidente da República.

"Engraçado... Nunca soube que Geddel era o Chefe. Para mim, o chefe dele era outro", escreveu o senador alagoano nesta sexta-feira (20/10).

Na quinta-feira (19/10), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considerou que a prisão preventiva do ex-ministro é "imprescindível" para a continuidade das investigações. Geddel foi preso em julho por tentativa de obstrução de justiça, mas colocado em prisão domiciliar dias depois.

No último dia 8 de setembro, o ex-ministro foi novamente preso preventivamente após a Polícia Federal encontrar o equivalente a R$ 51 milhões atribuídos a ele em um apartamento em Salvador (BA), na operação Tesouro Perdido.

Para Raquel Dodge, Geddel "fez muito em pouco tempo". "A elevada influência desta organização criminosa evidencia-se, aos olhos da nação, em seu poder financeiro: ocultou cinquenta e dois milhões de reais em um apartamento de terceiro, sem qualquer aparato de segurança, em malas que facilitaram seu transporte dissimulado. Este dinheiro seria apenas uma fração de um todo, ainda maior e de paradeiro ainda desconhecido."

Nas palavras da procuradora-geral, está sendo investigada uma "poderosa organização criminosa que teria se infiltrado nos altos escalões da Administração Pública, e que seria integrada, segundo indícios já coligidos, por um ex-ministro de Estado e o ex-presidente da Câmara dos Deputados".

A investigação que levou ao dinheiro escondido no apartamento em Salvador apura desvios na Caixa Econômica Federal, com suposta participação de Geddel e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A manifestação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) após as defesas de Geddel e do advogado Gustavo Ferraz, suposto aliado do peemedebista, entrarem com pedido de liberdade. Fachin manteve Geddel preso, mas substituiu a preventiva de Ferraz por prisão domiciliar e pagamento de fiança.

A manutenção da prisão de Geddel gera apreensão no Planalto, que teme que o ex-ministro admita a delação premiada como estratégia de defesa e implique a cúpula do PMDB. Geddel foi ministro do presidente Michel Temer e considerado um aliado no Planalto.