"O ministro Gilmar, desde o início de seu mandato, se reúne com presidentes de vários partidos, com diversos senadores para tratar da reforma política", disse Alexandre. "E o faz às claras Então, não há nenhum problema em que um membro do Supremo converse com parlamentares. Nós estamos vivendo, infelizmente, no Brasil, o que os Estados Unidos viveram lá atrás, um Macarthismo muito grande."
O Macarthismo foi um movimento radical deflagrado nos anos 1950 pelo senador Joseph McCarthy (republicano) contra os que defendiam o comunismo.
"Os deputados e senadores são membros de um Poder. Nós não podemos confundir o continente com o conteúdo", seguiu o ministro.
Para Alexandre, "o continente é o Congresso, essencial para a democracia".
Ele citou períodos de exceção no País. "Toda vez em que se enfraqueceu o Congresso, nós tivemos uma ditadura, com Vargas e depois a ditadura militar."
Nesta quinta-feira, 19, relatório da Polícia Federal encaminhado ao Supremo mostrou detalhes - mas não o conteúdo - das 43 chamadas entre Gilmar e Aécio, que estava no grampo dos investigadores em ação controlada autorizada pelo STF.
A investigação pegou contatos entre o ministro e o senador no mesmo dia em que Gilmar decretou o adiamento do depoimento de Aécio na Corte. O ministro é relator de quatro inquéritos abertos para investigar o tucano.
Esses inquéritos fazem parte do acervo da Operação Lava Jato. Alexandre disse que essas investigações "não podem depender apenas de delatores".
"O Brasil precisa ter mecanismos de investigação mais ágeis e preventivos. Como não se percebeu que, durante anos e anos, bilhões foram desviados da Petrobras?", questionou Alexandre.