Para garantir a rejeição da primeira denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista ; a atual acusa o presidente de organização criminosa e obstrução de Justiça ;, Temer foi obrigado a redesenhar os espaços no segundo e terceiro escalões do governo. Primeiro para garantir os votos para encerrar o caso, depois para premiar os parlamentares fieis.
Na época, um dos parlamentares que ajudaram o Planalto a rearranjar as forças foi o vice-líder do governo Beto Mansur (PRB-SP). Ele resumiu o cenário da seguinte maneira: ;Não vamos impedir ninguém de entrar no prédio. Mas os aliados vão de elevador, os demais vão de escada;. Um integrante da base reconheceu que essa metáfora está posta novamente. ;Não se iluda: deputado sempre vai querer um cargo a mais;, avisou um governista.
A dúvida é se o atual ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, terá forças políticas para conduzir esse processo. No dia em que a primeira denúncia foi votada, ele desincompatibilizou-se do cargo e foi ao plenário da Câmara de planilha em punho. De lá para cá, o Centrão pediu a cabeça dele e o vice-presidente da Casa, Fábio Ramalho (PMDB-MG), chamou-o de ;seu m...; após não conseguir ser recebido em audiência no Planalto. ;É claro que Imbassahy terá força. Afinal, ele é o portador da caneta-tinteiro do presidente;, disse um interlocutor do governo.
A partir da próxima semana, será iniciada a articulação para a escolha do relator da denúncia na CCJ. O PMDB ensaiou uma pressão sobre o presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que não surtiu efeito. O relator da proposta anterior, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) já avisou que não aceita repetir a missão. ;Não sei quem será o escolhido. Mas entendo que não será um deputado do PSDB nem do DEM;, ponderou Mansur. A expectativa é a de que, com os feriados, o texto chegue ao plenário no final de outubro. Até lá, nada de reforma da Previdência.
O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), acredita que a tramitação da
atual denúncia será menos tumultuada que a anterior. Ele lembra que os deputados passaram um bom tempo discutindo quais seriam as regras para votar a matéria na CCJ e no plenário. ;Agora que já definimos, ficará mais fácil o debate de ponto e contraponto. Na vez anterior, o embate foi monopolizado pelos oposicionistas;, reclamou Efraim.
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) elogiou a decisão do STF. ;Ao enviar a denúncia para a Câmara, o Supremo decidiu que não deve interferir na atuação do Congresso neste processo. Espero que a Câmara tenha a mesma seriedade e decida por não interferir no papel do Supremo, de dar andamento a um processo judicial grave e repleto de provas, mostrando para a sociedade que ninguém está acima da lei;, declarou.
Rodrigo Maia
O Planalto terá de contornar, ainda, outro princípio de crise. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), fez duras críticas ao governo na noite de quarta-feira, protestando contra a filiação do ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho e do pai dele, o senador Fernando Bezerra, ambos de Pernambuco, ao PMDB. Eles estavam insatisfeitos no PSB e flertavam, também, com o DEM. Mais recentemente, o PMDB passou a negociar a filiação de Marinaldo Rosendo (PSB-PE), que estava praticamente acertado com o DEM.
Maia atacou o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil). ;Ele só passou do ponto ao dizer que Temer prometera não influenciar os socialistas a mudarem de legenda;, minimizou um cacique da base aliada.
Colaborou Guilherme Mendes