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Conheça as quatro mulheres superpoderosas do Brasil

Além de Raquel Dodge na PGR, o país tem comando feminino em órgãos importantes como STF, STJ e AGU. Para analistas, o papel exercido por elas acaba sendo de um "poder moderador" da República



Com a posse da nova procuradora-geral da República, agora são quatro as mulheres à frente de alguns dos principais cargos do país: Raquel Dodge se junta à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia; à presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz; e a Grace Mendonça, advogada-geral da União. Das quatro, apenas Cármen Lúcia não foi a primeira mulher a ocupar o respectivo cargo.

Para a cientista política e diretora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó, ;a maior participação das mulheres deve ser não apenas um objetivo, mas também importante instrumento para conquistarmos uma democracia mais representativa;. Segundo ela, as quatro especialistas fazem algo ;notável;, que serve de inspiração para outras mulheres e outros poderes.

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Na opinião do professor da Universidade Mackenzie Roberto Gondo, a existência do quarteto enaltece ;uma década de políticas voltadas ao empoderamento feminino, que vem desde antes da eleição de Dilma;.

Num momento de forte descrença da população nos poderes Legislativo e Executivo, é grande a pressão pelo bom funcionamento das quatro entidades. Com isso, para o diretor de ciência política da Unirio, José Paulo Martins, o papel exercido por elas acaba por ser um ;poder moderador; da República. ;Nossa Constituição criou um Ministério Público que é um ativador do Judiciário, um papel que, no passado, era das Forças Armadas;, argumentou. Segundo José Paulo Martins, o cargo exercido por Raquel Dodge, que até então ;teve características discretas;, passou a chamar a atenção depois de Rodrigo Janot ; algo que a nova procuradora-geral terá de lidar em seu mandato.

Formada pela UnB e com mestrado na Universidade de Harvard (EUA), Raquel Elias Ferreira Dodge tem larga experiência no MPF, onde ingressou como procuradora em 1987. Escolhida pelo então procurador-geral, Roberto Gurgel, foi a responsável pela Operação Caixa de Pandora, que, em 2009, mandou para a cadeia o então governador do DF, José Roberto Arruda, no esquema conhecido como ;mensalão do DEM;.

Preferência


Dodge era a segunda na lista tríplice da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), com 587 votos. Nicolao Dino, alinhado a Rodrigo Janot, liderou a lista, com 621 votos. Em terceiro lugar, ficou Mario Bonsaglia, com 564. O presidente Michel Temer (PMDB) quebrou a tradição que era mantida desde o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de escolher o primeiro da lista, e optou por Dodge, que tem perfil mais discreto do que o seu antecessor, Rodrigo Janot.

Pela Constituição, o presidente da República tem a prerrogativa de escolher o comandante do Ministério Público Federal e não é obrigado a optar por nenhum dos indicados.

Na sabatina no Senado, que durou mais de sete horas, a então subprocuradora-geral da República foi aprovada por unanimidade pelos membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No plenário da Casa, o nome dela foi aprovado por 74 votos, houve um contrário e uma abstenção.

Quem são elas


Cármen Lúcia, presidente do STF

Mesmo não sendo a primeira mulher em seu cargo (papel que coube à ex-ministra Ellen Gracie em 2006), Cármen Lúcia comanda o Supremo Tribunal Federal no momento mais conturbado da República. Em 2012, assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, que comandou por dois anos. Até hoje é a única mulher a ocupar a função.

Grace Mendonça, advogada-geral da União

Grace Mendonça é advogada da União desde 2001. Antes de ocupar a chefia da Advocacia Geral da União (AGU), defendeu o governo em diversas sustentações orais no STF, inclusive a que defendeu a constitucionalidade da Lei Maria da Penha em 2012.

Laurita Vaz, presidente do STJ

Laurita Vaz foi eleita para presidir o Superior Tribunal de Justiça no biênio 2016/2018.

No tribunal desde 2001, sob a batuta dela (que chegou a 2017 com 226 mil casos julgados), o STJ diminuiu a fila de processos em 50 mil.