Com 56 anos, nascida em Morrinhos (GO), Raquel Dodge tem um perfil mais centralizador. A expectativa dos procuradores mais próximos é que ela deve manter distância dos holofotes. Mas a exposição do cargo já lhe rendeu críticas. Ela ficou em uma saia justa dentro do Ministério Público Federal depois de se reunir no Palácio do Jaburu, fora da agenda oficial, com o presidente Michel Temer, denunciado duas vezes pelo seu antecessor, Rodrigo Janot.
Dodge formou-se em direito na Universidade de Brasília (UnB) e fez mestrado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Destacou-se em investigação de casos de corrupção, como a Operação Caixa de Pandora, que envolveu a prisão de José Roberto Arruda, então governador do Distrito Federal.
Também foi coordenadora da Câmara Criminal do Ministério Público Federal, quando defendeu a maior efetividade de Lei Maria da Penha . Ela tem forte afinidade com temas relacionados a minorias, direitos humanos e meio ambiente e deve levar isso para ao cargo de procuradora-geral.
Segundo ela, o combate à corrupção é prioridade do mandato, apesar de defender a atuação em outras áreas. Dodge é favorável ainda ao aperfeiçoamento dos trabalhos da Lava-Jato. Há 30 anos no órgão, ela tem apoio entre os procuradores. A expectativa é de que a relação com o Supremo Tribunal Federal tenha menos tensão do que com Janot, que mantinha um embate com o ministro Gilmar Mendes.