Natália Lambert, Renato Souza
postado em 14/09/2017 17:41
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente da República, Michel Temer, por organização criminosa, nesta quinta-feira (14/9). Além dele, são acusados também Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Segundo a denúncia, eles praticaram ações ilícitas em troca de propina por meio da utilização de diversos órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.
[SAIBAMAIS] Já no começo da peça, Janot afirma que o grupo peemedebista na Câmara "com vontade livre e consciente, de forma estável, profissionalizada, preordenada, com estrutura definida e com repartição de tarefas, agregaram-se ao núcleo político de organização criminosa para cometimento de uma miríade de delitos, em especial contra a Administração Pública, inclusive a Câmara dos Deputados".
Michel Temer é acusado de ter atuado como líder da organização criminosa desde maio de 2016. Esta é a segunda denúncia contra o chefe do Executivo. A primeira foi arquivada por determinação da Câmara dos Deputados e só poderá ser analisada após o fim do mandato presidencial.
O PMDB, partido do presidente Michel Temer, disse, em nota, que lamenta mais um "ato de irresponsabilidade" realizado pelo procurador-geral da República. "Toda a sociedade tem acompanhado os atos nada republicanos das montagens dessas delações. A justiça e sociedade saberão identificar as reais motivações do procurador", escreveu.
Repercussão
Logo após a denúncia chegar ao STF, Janot disse, durante a última sessão dele na Corte como chefe do Ministério Públcio Federal (MPF), que, antes mesmo de assumir o cargo, sabia que "haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e produtor de corrupção".
"Tenho sofrido nessa jornada ; que não poucas vezes pareceu-me inglória ; toda a sorte de ataques. Resigno a meu destino, porque mesmo antes de começar sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e produtor de corrupção, cimentado por anos de impunidade e de descaso", afirmou.
"As páginas da história hão, certamente, de contar, com isenção e verdade, o lado que cada um escolheu para travar sua batalha pessoal nesse processo", afirmou o procurador-geral em seu discurso de despedida.
À imprensa, Janot agradeceu todo o ;apoio; dos últimos quatro anos e comentou que ;jamais; cometeu abuso de autoridade e não guardou ;mágoas;. ;Nos momentos bons, nos momentos difíceis, (vocês) desempenharam de maneira profissional, sempre no sentido de auxiliar a melhoria do serviço do Ministério Público. Dei, nesse período, o meu melhor. Fiz o que achei que fosse o melhor para o desenvolvimento da sociedade brasileira", disse na saída do STF.