Em entrevista à Rádio Gaúcha, Gilmar afirmou que o áudio deve ser de abril, quando os dois se encontraram no Instituto de Direito Público (IDP), do qual é sócio e professor. De acordo com o minsitro, eles conversaram sobre as dificuldades do setor e o julgamento do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
"Institucional (a conversa). Foi sobre um julgamento que havia ocorrido, envolvendo o Funrural. Ele apareceu no instituto, eu estava dando aula, e conversamos sobre isso, as dificuldades do setor... Disse a ele que não havia muito o que fazer sobre a matéria, porque já havia sido decidido pelo tribunal, inclusive com meu voto contrário à pretensão dele (Joesley)", afirmou.
O Supremo decidiu, em 30 de março, que é legal a cobrança de contribuição previdenciária ao Funrural de empregador pessoa física. A cobrança, que já era feita, foi alvo de um recurso da União pelo parecer contrário da Primeira Turma do STF, que tinha avaliado que era indevida. A maioria dos ministros votou favoravelmente ao recurso do governo.
Questionado se ele conheceria Joesley e como teria sido feito o pedido do encontro, o ministro se limitou a responder que "tem impressão" que teria vindo da diretoria do IDP.
A um dia do pleno da Corte analisar a suspeição do procurador-geral, Rodrigo Janot, a quem Gilmar é crítico, o ministro avalia que não as delações não têm influência sobre o Supremo.
"Não vejo nenhuma repercussão sobre o STF. Acho que o Supremo equivocou-se ao não colocar limites nas delações premiadas, nos abusos perpetrados, não fazer análise dessas investigações", afirmou.
Na entrevista, ele voltou a criticar a Procuradoria-Geral, a que disse que foi "utilizada" por Joesley, na delação da JBS. "Eu acho que o grande problema nesse contexto tem a ver com a Procuradoria-Geral. A PGR se serviu e também acho que foi utilizada pelo Joesley Batista", disse.