"Lula é um candidato que precisa tocar as pessoas, abraçar as crianças. A força do contato físico pode gerar imagens icônicas e fortalecer ainda mais a sua imagem de líder messiânico", avaliou à AFP Paulo Moura, especialista em Marketing Político.
Com uma impressionante taxa de popularidade de 80%, Lula era praticamente intocável quando deixou o poder em 2010, enquanto o Brasil era impulsionado pelo boom das matérias-primas. Mas hoje o panorama mudou consideravelmente. O país luta para sair de sua pior recessão em um século, quando completa um ano que sua sucessora e afilhada política, Dilma Rousseff, foi destituída acusada de maquiar as contas públicas.
Única esperança
Tampouco os anos trataram Lula melhor, cuja imagem foi substancialmente manchada pelos escândalos de corrupção. Em 12 de julho, o ex-presidente foi condenado a nove anos e meio de prisão pelo juiz Sérgio Moro, encarregado em primeira instância da Operação Lava Jato.
Visto por muitos como o símbolo da luta contra a corrupção - e inimigo íntimo de Lula -, o popular juiz também congelou seus bens e acolheu pouco depois uma segunda denúncia contra ele por outro caso relacionado ao mesmo escândalo. O líder da esquerda nega todas as acusações e as atribui a uma tentativa das elites de bloquear a sua eventual candidatura à Presidência. Isso acontecerá, a princípio, se a sentença for confirmada em segunda instância.
Enquanto isso, as pesquisas continuam colocando-o em primeiro lugar, caso possa se candidatar, embora os resultados devam ser vistos com cautela, já que Lula também é a figura que desperta grande rejeição. Os analistas consideram que a sua vantagem poderá diminuir quando outros candidatos se lançarem oficialmente à disputa.
Apesar das polêmicas, Lula é visto por muitos como a única esperança do Partido dos Trabalhadores (PT) para se recuperar do revés histórico sofrido nas eleições municipais de outubro de 2016. "Esta caravana no Nordeste tem um propósito duplo: contestar a condenação, dando a imagem de que uma pessoa tão adorada não possa ir à prisão, além de mobilizar as tropas do PT, que precisam de seu carisma para sobreviver", analisou Paulo Moura.