Temer foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal há cerca de um mês por corrupção passiva com base na delação do Grupo J. A acusação foi remetida pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, à Câmara, que precisa autorizar o prosseguimento da denúncia. A votação em plenário está marcada para o próximo dia 2, após a volta do recesso do Congresso. Na época, a PGR avaliou o oferecimento de mais duas denúncias contra o presidente, mas agora trabalha com a possibilidade de oferecer somente uma reunindo os dois crimes.
O objetivo é reforçar a narrativa da acusação contra Temer, explorando duas vertentes: uma na qual aponta o envolvimento do presidente da República com o grupo político do PMDB da Câmara, suspeito de praticar desvios na Petrobrás e na Caixa Econômica Federal; e outra que trata de eventual ligação de Temer com a suposta tentativa do empresário Joesley Batista de barrar os acordos de delação premiada do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do corretor Lúcio Funaro. Procuradores apontam conexão entre os crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça.
O oferecimento de nova denúncia até setembro depende do encerramento do inquérito que investiga o PMDB da Câmara pelo crime de quadrilha. Desmembrada do inquérito original do "quadrilhão" que tramita no STF e investiga a atuação do PT, PMDB e PP na Petrobrás, a apuração contra os peemedebistas da Câmara mira na atuação desses políticos na indicação de aliados para postos importantes na Petrobrás e na Caixa. São investigados também políticos suspeitos de "vender" requerimentos e emendas parlamentares para beneficiar empreiteiras e banqueiros.
São alvo da investigação Cunha, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, Funaro e outros 12 suspeitos. A maioria das provas coletadas contra eles está relacionada às Operações Sépsis e Cui Bono?. Além disso, as delações da Odebrecht e da JBS relatam uma série de atuações desse grupo político em troca de pagamento de propina. Nas duas delações, Temer é apontado como líder do PMDB da Câmara.
Na denúncia por corrupção passiva, a PGR pediu que o presidente fosse incluído no rol de investigados no inquérito do "quadrilhão" do PMDB da Câmara. No entendimento dos procuradores, a inclusão é possível porque a suspeita envolve crime que teria sido cometido no exercício do mandato. A apuração sobre a obstrução da Justiça está em andamento e aposta no acordo de colaboração de Funaro ou no de Cunha como complemento à delação de Joesley.
O presidente nega envolvimento em irregularidades e nos casos em que é citado. Em sua defesa, atacou a acusação do procurador-geral da República e o Ministério Público Federal.