[SAIBAMAIS]O presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), solicitou ontem ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma prorrogação de três sessões na CCJ para cumprir o acordo firmado entre os partidos segundo o qual os 66 titulares e os 66 suplentes, além de 40 deputados contrários, e favoráveis ao processo contra Temer, possam se pronunciar. ;Não dá para votar essa matéria sem debate;, disse Pacheco.
Maia não quis arrumar confusão e lembrou que os próprios deputados firmaram o acordo de procedimentos para que todos falassem. A estratégia dos governistas passou a ser, então, reduzir ao máximo o número de inscritos alinhados ao Planalto. ;Eu defendo que falem os líderes e uns poucos parlamentares que tenham argumentos jurídicos para contrapor o relatório de Zveiter;, afirmou o deputado Fausto Pinato (PP-SP). ;Queremos derrubar a acusação contra o presidente na sexta ou, no mais tardar, na segunda;, completou o vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS).
Pacheco acredita ser possível votar na CCJ o relatório, no mais tardar, na quinta-feira à noite. Com isso, é viável, caso Maia deseje, analisar o assunto ainda na sexta. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), marcou para a segunda-feira uma sessão do Congresso para analisar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Caso seja aprovada, os congressistas poderão entrar em recesso parlamentar.
Maia pediu que os deputados fiquem para votar a denúncia contra o presidente Michel Temer antes do recesso. ;O Brasil não pode esperar mais. Temos que resolver isso para andar com as reformas que vão mudar o país. Nós precisamos resolver isso. Faço um apelo aos membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para que possam avançar e respeitar qualquer acordo que tenha sido feito. A Câmara não tem condições de votar a denúncia sem o parecer da comissão. O país não pode esperar até agosto para que esse assunto seja decidido;, justificou.
Enquanto isso, o PMDB fecha o cerco aos infiéis. O líder da bancada, Baleia Rossi (SP), pediu ao presidente nacional da legenda, senador Romero Jucá (RR), que marcasse uma reunião da Executiva do partido. ;Não estamos decidindo isso para fazer marola;, afirmou o vice-líder do PMDB na Casa, Carlos Marun (MS). Ele defendeu que aqueles que se sentirem insatisfeitos, como o próprio Zveiter, que deixem o partido. Existe, inclusive, pressão para que o relator da denúncia deixa a legenda.
Marun calculou que a grande maioria da bancada acatou a decisão de se fechar questão, e chegou a falar em um número de 60 dos 64 parlamentares alinhados ao governo. Mas o coordenador da bancada do PMDB fluminense, Pedro Paulo, fez um abaixo-assinado entre os parlamentares do partido no Rio para defender o relator Sérgio Zveiter.
Caminhos
;Em outros momentos em que o próprio Pedro Paulo foi alvo de ataques pessoais, ele recebeu todo o apoio da bancada. Deveríamos refletir sobre isso no momento;, provocou Marun. Durante a campanha para a prefeitura do Rio no ano passado, Pedro Paulo foi acusado de agredir a mulher, e muitos consideram que esse fato foi fundamental para que ele, mesmo tendo ao seu lado a máquina partidária estadual e municipal, nem sequer chegasse ao segundo turno na disputa pela prefeitura.Um dos possíveis alvos de punição, Pacheco lamentou que o partido tenha sugerido esse caminho. ;Isso pode até ser um tema de encaminhamento de votação, jamais fechamento de questão;, destacou. O presidente da CCJ se solidarizou com o relator Sérgio Zveiter e disse que não pretende deixar o partido. ;Acho que o PMDB precisa escolher que tipo de quadros ele deseja manter.; Irritado, Perondi retrucou. ;Pena que um jovem deputado seja tão retrógrado. Ele é quem precisa escolher que tipo de relação partidária deseja manter;, frisou.
Os peemedebistas também apresentaram um voto em separado alegando que a denúncia contra Temer, acatada no relatório de Zveiter, é ;inepta, sem provas de materialidade e expressa uma relação suspeita dos procuradores da República com os delatores;.