A defesa de Michel Temer acusou a Polícia Federal de atropelar as fases do inquérito que levou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a denunciar o presidente da República por corrupção passiva. Segundo o advogado Gustavo Guedes, vários questionamentos técnicos do perito Ricardo Molina sobre a gravação da conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista simplesmente não foram respondidos.
;Talvez seja essa a razão da conclusão ; com todo o respeito ; ilógica e inapropriada do laudo;, disse Guedes, ontem à noite, sobre o fato de as questões levantadas por Molina não terem sido levadas em consideração. Ele falava do laudo em que a PF atesta a validade da gravação como prova de instrução criminal, contrariando as conclusões do perito contratado por Michel Temer.
Segundo a defesa, 12 questionamentos que teriam sido ignorados foram encaminhados em 24 de maio, após a juntada do documento ao inquérito ter sido deferida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Foram questionamentos adicionais a outros 15 que já tinham sido apresentados antes.
Molina voltou a dizer que a gravação é ;imprestável como prova; porque, ao não considerar seu pedido, a PF não conseguiu ser conclusiva sobre a impossibilidade de ter havido adulteração. Mesmo que se aceite a tese de que não houve adulteração, segundo ele, a prova não pode valer porque 23% da conversa simplesmente foram perdidos. Isso sem contar trechos incompreensíveis do diálogo.