O empresário Joesley Batista, da JBS, relatou à Polícia Federal, em depoimento na Operação Patmos, desdobramento da Lava-Jato, que o presidente Michel Temer (PMDB) tentou incluir o advogado José Yunes "para intermediar um acordo com uma empresa em disputa judicial em andamento contra o Grupo J". Segundo o executivo, o negócio renderia cerca de R$ 50 milhões a Yunes.
"O acordo não foi para a frente, mas quem ficou designado para tratar foi Francisco de Assis, do jurídico da J, no entanto, este não sabia que se tratava de um pedido do presidente Michel Temer", relatou o empresário, que não informou qual negócio teria sido este.
Joesley depôs no dia 16 de junho.
Ele citou o advogado Yunes, após elencar à Polícia Federal "vantagens" que teria prestado ao presidente. O empresário apontou, além da intermediação de Yunes, o empréstimo de seu avião para Temer "levar a família em uma viagem de férias para a ilha de Comandatuba, na Bahia".
Yunes foi assessor especial de Temer na Presidência. Caiu do cargo quando foi citado na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, em dezembro do ano passado. Segundo o executivo da empreiteira, Yunes teria recebido dinheiro vivo supostamente destinados a Temer pela Odebrecht, em 2014.
O advogado nega ter operado dinheiro de campanha para o PMDB. José Yunes afirma que recebeu um pacote do doleiro Lúcio Funaro, a pedido do hoje ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, um mês antes da eleição presidencial de 2014 que reelegeu a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, mas alegou que não viu o conteúdo.
Defesa
O criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Michel Temer, afirmou: "Não vamos responder, pois na verdade um relatório sobre investigações deveria ser apenas um relato das mesmas investigações e não uma peça acusatória. Autoridade policial não acusa, investiga."
A reportagem contatou o advogado José Yunes, mas não obteve retorno.