O empresário Joesley Batista, um dos delatores da Operação Lava-Jato, presta depoimento nesta quarta-feira (21/6), na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. O depoimento dele ocorre no âmbito da operação Bullish, deflagrada em 12 de maio, que investiga irregularidades em empréstimos de R$ 8,1 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para a JBS, com a presença de investigadores de outra operação, a Greenfield.
[SAIBAMAIS]O empresário do grupo J, que controla a JBS, chegou por volta das 9h ao prédio da PF. Escoltado por agentes federais e acompanhado de advogados, Joesley entrou de forma discreta no prédio, vestindo um blazer preto e um boné, e não falou com a imprensa. O depoimento dele ocorre no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai discutir a homologação do acordo de colaboração dos executivos do grupo J. Um dos temas a ser julgado é a imunidade concedida a Joesley.
Nessa terça-feira (20/6), a Polícia Federal entregou ao STF um relatório preliminar no qual aponta indícios de crime de corrupção passiva cometido pelo presidente Michel Temer e por seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) no inquérito aberto com base na delação de Joesley. A PF também pediu mais dias de prazo para encerrar a apuração. O inquérito que investiga Temer e Rocha Loures não foi concluído na parte em que são apurados crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. O laudo final da perícia nos áudios gravados por Joesley não foi totalmente finalizado.
"Chefe de quadrilha"
A delação premiada de Joesley Batista e de outros executivos do grupo JBS levou à abertura de um inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB). A investigação de suspeitas de corrupção provocou a pior crise do governo até o momento. Temer tem refutado as acusações lançadas sobre ele após investigação contra ele iniciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A defesa de Temer entrou com pedido na 12; Vara do Distrito Federal para processar por calúnia e difamação o empresário, mas o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos negou. A ação, apresentada na segunda-feira (19/6), alegava que Joesley caluniou o presidente ao afirmar, em entrevista concedida à revista Época, que temer é "chefe de uma quadrilha perigosa" e que exigiu dele dinheiro para financiar campanhas do PMDB.
Com informações de Renato Souza