Como adiantou o Correio na edição de ontem, o Planalto contava em liquidar essa fatura o mais rápido possível. Sabe que precisa se concentrar em outros problemas mais graves que terá de enfrentar, como o processo por obstrução de Justiça no Supremo Tribunal Federal ; a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve ser feita na próxima semana ; e as possíveis delações do doleiro Lúcio Funaro, do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e as ameaças de desembarque do PSDB da base governista.
Até mesmo a manifestação sobre a exclusão seguiu a lógica dos votos dos ministros que tendem a se alinhar com o Planalto: Gilmar Mendes, Tarcisio Vieira, Admar Gonzaga e Napoleão Nunes. Tarcísio, por exemplo, lembrou que os mandatos eletivos são finitos, que as ações ganham contornos de dramaticidade e precisam ter trâmite célere.
;A meu ver, tais acontecimentos não estão relacionados diretamente com os contornos delimitados nas ações de julgamento, nem mesmo com o alegado financiamento de campanha mediante doações oficiais de empreiteiras contratadas pela Petrobras com a alegada distribuição de propinas;, afirmou Tarcísio.
Um dos que acompanharam expressamente o relator Herman Benjamin, Luiz Fux defendeu que não há como excluir os depoimentos dos delatores da Odebrecht do julgamento. ;Não se pode julgar sem atentar para a realidade política que se vive hoje. Somos uma Corte. Avestruz é quem enfia a cabeça;, disse Fux.
Para Herman, há uma lógica cristalina dos advogados de defesa em excluir os depoimentos da Odebrecht. ;Querem excluir porque são provas oceânicas, com base em depoimentos, documentos, colaborações vindas do exterior. Diziam que as provas se baseavam apenas em delações premiadas. Agora, a muralha da China se inverteu;, citou Herman, numa referência ao termo usado pelos delatores para esconder, dos demais setores da Odebrecht, o que acontecia no departamento de propinas da empreiteira.