A criação da CPMI foi o que ajudou a derrubar Maria Silvia Bastos Marques da presidência do BNDES. Ela pediu demissão porque não gostou de ver que o governo e a base aliada não fizeram nada para barrar uma CPMI que poderá expor e desgastar a instituição.
Há uma semana no cargo, o novo presidente tenta uma estratégia diferente. Rabello de Castro quer assumir a defesa do BNDES, preservando técnicos e demais executivos. Em troca, ele se comprometeu a entregar um "dossiê" detalhado de todas as "ações controversas" tomadas durante a gestão do ex-presidente do banco Luciano Coutinho nos governos do PT.
Durante a gestão de Coutinho, a JBS se tornou o símbolo da política de campeões nacionais, com sucessivos aportes de recursos realizados pelo banco. Foi por conta dessa política que a JBS se transformou numa das maiores empresas de proteína animal do mundo.
"Se for para tratar do BNDES, respondo sozinho. Vou responder solitariamente. Isso não tem nada a ver com funcionários. Eu pretendo trazer um documento sobre essas perguntas, um relatório do que é controverso. O fato de um ou dois funcionários terem cometido alguma falha analítica não tem nada a ver com o banco. Uma falha pode ter acontecido porque não houve uma checagem. Avião não cai? Por causa disso você deixa de usar a companhia aérea?", questionou.
Encontro
Ontem, Rabello de Castro se encontrou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em sua residência oficial, em Brasília, acompanhado do deputado Carlos Melles (DEM-MG). Melles é o relator de um pedido de fiscalização da empresa de frigoríficos, aprovado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara na semana passada. Foi o próprio Rabello quem solicitou o encontro com Maia. O presidente da Câmara negou que esse tenha sido o assunto da reunião.
Além de Maia, o presidente do BNDES procurou o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que deve ser o presidente da CPMI da JBS no Congresso. Eles trataram do assunto no gabinete do senador. "O objetivo dele (Ataídes Oliveira) é a defesa do interesse nacional, foi isso o que ele me falou", disse Rabello de Castro ao sair do encontro.
Essa não é primeira CPI que tenta investigar fatos relacionados ao BNDES. Em 2015, uma outra comissão foi aberta para apurar as operações do banco sob o comando de Coutinho. Na ocasião, com ajuda da base do governo Dilma Rousseff, a gestão petista conseguiu obstruir os trabalhos.
Relator da CPI Mista da JBS, o deputado Alexandre Baldy (Podemos-GO) afirmou que pretende convocar Rabello para dar explicações na CPI.