Brasília, Brasil - O advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, acusou neste domingo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de tentar pressionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que anule seu mandato no julgamento que deve começar na terça-feira.
"Temos indicativos de que virão movimentos e iniciativas de Janot às vésperas do julgamento do TSE na tentativa de constranger o tribunal a condenar o presidente", disse Guedes à Folha de S. Paulo.
O TSE julgará a partir das 19h00 locais de terça-feira se a eleição de 2014 - na que foi eleita a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer - teve financiamento ilegal proveniente do escândalo da Petrobras.
O julgamento, que está previsto para durar três dias mas que pode se prolongar se algum dos juízes pedir vista para revisar o caso, poderia anular o mandato de Temer, que assumiu o cargo há um ano, após o impeachment de Dilma.
[SAIBAMAIS]Em 17 de maio foi divulgada uma gravação, incluída nas delações premiadas dos executivos do frigorífico JBS, em que Temer parece dar aval ao pagamento de propina.
Em meio a pedidos de renúncia e impeachment, o Supremo Tribunal Federal (STF) investiga Temer, depois de que Janot o acusou de corrupção, organização criminosa e obstrução da justiça.
Uma das provas que Janot usou para sustentar sua acusação foi essa gravação realizada pelo dono da JBS, Joesley Batista. "Nos preocupa muito o procurador-geral da República se valer de toda a estrutura que tem para tentar constranger um tribunal superior", afirmou Guedes à Folha.
O advogado disse que chegaram informações ao Palácio do Planalto de que Janot tem mais gravações comprometedoras em seu poder e que poderia torná-las públicas neste domingo ou na segunda-feira, antes do julgamento no TSE.
Guedes também manifestou suas suspeitas sobre a demora na chegada do interrogatório por escrito que Janot autorizou que a Polícia Federal fizesse a Temer, e que o presidente teria só 24 horas para responder.
Janot poderia dar mais um passo no caso e denunciar formalmente o presidente, mas para que isso ocorra, dois terços do Congresso deveriam aceitar essa denúncia, obrigando-o a se afastar do cargo.