O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava-Jato na primeira instância, defendeu hoje (30/5) as delações premiadas e disse que os acordos permitem que as investigações avancem. ;Sem a delação premiada não teria sido possível descobrir os esquemas de corrupção no Brasil, porque ela quebrou o tabu da confiança entre os criminosos;, disse Moro durante evento no Cascais, em Portugal.
Segundo Moro, nos crimes de corrupção há corruptos e corruptores, mas, em geral, nenhuma testemunha, por isso a importância das delações. ;É muito difícil apurar. Para investigar esses crimes praticados em segredo usamos vários meios, entres eles a delação premiada. A ideia é usar um criminoso menor para chegar ao maior para pegar os grandes;, comparou.
Ao lado de juízes como o português Carlos Alexandre, o espanhol Baltasar Garzón, e o italiano Antonio Pietro ; que atuou na Operação Mãos Limpas ;, Moro foi veemente ao defender a Lava-Jato e afirmar que ;não há nenhuma vergonha; em combater a corrupção.
;A exposição e a punição da corrupção pública é uma honra e não uma vergonha. Embora no Brasil haja algumas visões negativas sobre o processo, existe um anseio na sociedade brasileira em termos um país mais limpo;, disse o juiz brasileiro, que foi plaudido de pé e apresentado pela jornalista da televisão portuguesa SIC Clara de Sousa como ;uma das pessoas mais importantes do mundo;.
Corrupção sistêmica
Segundo Moro, as investigações e julgamentos em curso poderão fazer da corrupção sistêmica no Brasil apenas ;uma lembrança; e é preciso ter esperança na melhora do país. ;Não importa se a corrupção seja grande ou pequena. Ela é um mal que deve ser investigado e processado, pois pode adquirir aspecto mais grave quando se torna habitual e vira sistêmica;, acrescentou.
O juiz destacou que a corrupção causa danos à economia, eleva os custos dos serviços públicos e afasta investidores, além se ser prejudicial à democracia. ;Se as pessoas acharem que a corrupção é uma coisa normal, a confiança no sistema democrático é afetada. Por isso é preciso enfrentá-la de todas as formas;, disse Moro, que defendeu a participação da sociedade civil neste processo, ampliando as ações do Judiciário.