Alessandra Modzeleski - Especial para o Correio
postado em 24/05/2017 12:58
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Aos gritos de "ou param as reformas, ou paramos o Brasil", sindicatos e movimentos sociais protestam em Brasília, nesta quarta-feira (24/5), reunindo dezenas de milhares de pessoas. À frente do movimento, que também pede a saída do presidente Michel Temer, estão a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que programaram, após concentração na região central da cidade, uma caminhada até o Congresso Nacional para pressionar o governo e a bancada de apoio ao Planalto no Congresso a recuarem nas reformas trabalhista e previdenciária.
[SAIBAMAIS]Em cima de um trio elétrico, o deputado federal Paulinho da Força (Solidarieda-SP), que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer ao Planalto, disse que o novo governo excluiu os trabalhares. Segundo ele, se a categoria não for ouvida, vai "paralisar o Brasil". "A reforma trabalhista destrói a organização sindical, desorganiza a classe, tira os direitos e terceiriza todo mundo", bradou. Um pouco mais cedo, Paulinho disse que as centrais planejam nova greve geral, que pode ocrrer "em 15 ou 20 dias".
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que trabalha para garantir a aprovação das reformas propostas pelo governo Temer, marcou uma reunião com representantes de sindicatos para as 13h. As reformas, no entanto, têm avançado no Congresso. A trabalhista avançou ontem no Senado, . Incomodados com a ausência de deputados que prometeram se juntar à manifestação, os participantes gritaram "Ô deputados, cadê vocês? Viemos aqui para ver vocês."
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Ônibus e manifestantes
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, por volta do meio-dia, 25 mil pessoas participavam do ato. Às 13h30, a organização do ato estimou o público em 200 mil. As entidades organizaram caravanas para trazer trabalhadores a Brasília. Mais de 300 ônibus chegaram à capital desde ontem, vindos de diversos estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Maranhão. A esses trabalhadores, juntam-se manifestantes moradores do Distrito Federal.
Os veículos foram parados e revistados ainda nas rodovias que dão acesso ao Distrito Federal. Em alguns deles, a Polícia Militar confiscou paus e pedras. Outra medida de segurança adotada foi a revista dos manifestantes antes de acessarem a Esplanada dos Ministérios. Preocupados com uma possível repercussão negativa, em caso de atos violentos, os líderes sindicais anunciam a todo momento no carro de som que nenhum mascarado vai entrar no movimento. "Estamos de olho", avisam, e pedem para que aqueles com rosto coberto tirem as máscaras.
Também por questões de segurança, as pistas da Esplanada dos Ministérios foram interditadas desde a 0h desta quarta-feira. A medida, aliada à paralisação dos rodoviários, que levou mais pessoas a tirarem o carro da garagem, acabou gerando transtornos no trânsito da cidade.
Na altura da Catedral, a Polícia Militar realizou uma barreira para revistar os manifestantes. Todos os manifestantes precisaram retirar os mastros das bandeiras. Os militares proibiram, ainda, a passagem de carros de som na região, alegando que os veículos só podem passar a partir de 14h. O deputado Paulinho da Força desceu do carro de som e tentou negociar com os policiais. Sem sucesso, só os manifestantes seguram em direção ao Congresso.
Durante o ato chegaram os parlamentares Randolfe Rodrigues (Rede), Jandira Feghali (PCdoB), Wasny de Roure (PT), Lindberg Faria (PT), Gleisi Hoffman (PT), Humberto Costa senador (PT) e Paulo Pimenta (PT). O grupo aderiu a manifestação aos gritos de "fora Temer".
Em discurso, parlamentares pediram eleições diretas. A senador Randolfe Rodrigues (Rede) defendeu que a saída da crise é a "direta já". "Aqui, são trabalhadores dizendo que não aceitam esse governo corrupto e ilegítimo e inconstitucional do senhor Michel Temer", discursou o senador.
Já a senadora Lídice da Mata (PSB), classificou o governo como moribundo. "Este governo moribundo já acabou e a presença do povo é para dizer não aceitamos nenhum direito a menos, não a reforma trabalhista, sim as diretas".
Confusão
Em frente ao Congresso Nacional, a PM montou uma corrente de segurança com cavalos e carros. Manifestantes tentaram passar o bloqueio e a polícia soltou gás de pimenta. No caro de som, lideranças pediam para que manifestantes "acalmassem os ânimos" e respeitassem o bloqueio, para que o ato seguisse pacífico.
Com informações da Agência Estado