Jornal Correio Braziliense

Politica

JBS teria dado propina para abafar rebelião do PMDB contra Temer

Foram beneficiados os senadores Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA), Eunício de Oliveira (CE) e Valdir Raupp (RO)

Em depoimento ao Ministério Público Federal, o diretor da JBS Ricardo Saud relatou que, nas eleições de 2014, a empresa teria acertado com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, um repasse de R$ 43 milhões de "propinas dissimuladas" aos "coringas" do PMDB no Senado para abafar uma rebelião deles contra a candidatura à Vice-Presidência de Michel Temer na chapa de Dilma Rousseff. O delator contou que Temer, ao saber do acordo feito sem sua autorização, teria ficado "indignado" e acabou recebendo outros R$ 15 milhões.

Responsável pela Diretoria de Assuntos Institucionais e de Governo da JBS, Ricardo Saud disse aos procuradores, no último dia 5 de maio, que o dinheiro repassado a Temer foi tirado de um montante de R$ 300 milhões destinados inicialmente para o PT.
Leia mais notícias em Política
Antes, a partilha beneficiaria apenas os senadores Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA), Eunício de Oliveira (CE) e Valdir Raupp (RO).

Na delação, Saud contou que, em junho ou julho de 2014, o dono da JBS, Joesley Batista, após receber de Mantega a lista dos cinco peemedebistas beneficiários da propina, mandou entregar um "bilhetinho" a Michel Temer contando sobre o acordo.

Saud disse, na delação, que esteve na tarde de um sábado na residência de Temer em São Paulo para cumprir a missão dada por Joesley. Temer teria pedido para Saud adiar o repasse dos recursos.

"Ele (Temer) ficou indignado. ;Como assim? O que está acontecendo? Estou precisando assumir o PMDB. O PMDB está passando por cima de mim;", relatou Saud. "Ele (Temer) me pediu: ;Você consegue me dar dois, três dias, antes de conversar com os senadores para eu me movimentar e ver o que pode acontecer?;"