Em cinco minutos de pronunciamento, o presidente Michel Temer confirmou que se reuniu em março deste ano com o empresário da JBS Joesley Batista e que ouviu ele relatar que estava ajudando a família do deputado cassado Eduardo Cunha, mas negou que tenha autorizado, em qualquer momento, o repasse de propina para a suposta compra do silêncio de Cunha na cadeia.
O presidente contou, ainda, que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o acesso às gravações e garantiu que não renunciará. ;Não renunciarei. Repito. Não renunciarei. Sei o que fiz e a correção dos meus atos. Exijo a investigação plena e muito rápida (...) Meu único compromisso é com o Brasil e é só este compromisso que me guiará;, disse que forma muito enfática.
O presidente começou o dia anunciando uma extensa agenda de compromissos ;para mostrar normalidade;. No meio da manhã, toda a agenda foi cancelada e ele se reuniu no Palácio do Planalto com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), com quem discutiu se faria um pronunciamento e qual seria o teor de sua manifestação. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também esteve com Temer.
Aécio
A denúncia do empresário da JBS agravou a crise política. Logo no início da manhã, a Polícia Federal deflagrou uma operação que mirava o senador Aécio Neves. O parlamentar também foi citado na delação pedindo propina de R$ 2 milhões. Ele foi afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele continua tendo acesso ao Congresso Nacional, contudo é proibido de exercer as funções como parlamentar.
A irmã do senador, Andrea Neves, foi presa, assim como o procurador Ângelo Goulart, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outros alvos da ação da Polícia Federal são o senador Zezé Perrella (PMDB-MG), o deputado Rocha Loures (PMDB-PR) e Altair Alves, que ficou conhecido como braço direito do ex-deputado Eduardo Cunha.