O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou nota lamentando a prisão do procurador da República Ângelo Goulart, mas destacando que, apesar de uma decisão amarga, ela é necessária no âmbito das investigações da Operação Lava-Jato. "O sucesso desta etapa, contudo, tem um gosto amargo para a nossa Instituição. Há três anos, revelou-se um esquema criminoso que estarrece os brasileiros. As investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e outros órgãos públicos atingiram diversos níveis dos Poderes da República em vários Estados da Federação e, aquilo que, até então, estava restrito aos círculos da política e da economia, acabou chegando à nossa Instituição."
Segundo Janot, pelo cargo que exerce, ele, as vezes, se vê dianta da necessidade de tomar decisões difíceis e que, em momentos como esse, a única coisa a ser feito é o cumprimento irrestrito da Constituição. "A meu pedido, o ministro Edson Fachin determinou a prisão preventiva do procurador da República Ângelo Goulart Villela e do advogado Willer Tomaz. A medida está embasada em robusta documentação, coletada por meio de ação controlada. As prisões preventivas de ambos foram por mim pedidas com o objetivo de interromper suas atividades ilícitas", afirmou Janot.
Além dos mandados de prisão, executados por dois procuradores regionais da República com o auxílio da Polícia Federal, foram realizadas buscas e apreensões nos endereços residenciais e funcionais dos acusados. "Foi pedido ainda o afastamento do procurador de suas funções no Ministério Público Federal. Determinei também sua exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao TSE e revoguei sua designação para atuar na força-tarefa do caso Greenfield."
Tanto o procurador quanto o advogado são, de acordo com Janot, "investigados por tentativa de interferir nas investigações da referida operação, que envolve o Grupo J, e de atrapalhar o processo de negociação de acordo de colaboração premiada de Joesley Batista". Essa responsabilidade criminal será "demonstrada no curso do processo perante os juízos competentes, asseguradas todas as garantias constitucionais e legais", acrescentou o procurador-geral. E conclui: "Como Procurador-Geral da República, cumpri meu dever institucional e adotei as medidas que a Constituição e as leis me impunham. Sigamos confiando nas instituições republicanas.
Leia a íntegra da nota:
Prezados colegas,
Foi deflagrada nesta quinta-feira, 18 de maio, mais uma fase do caso Lava Jato, especificamente a partir de investigações que correm perante o Supremo Tribunal Federal. O sucesso desta etapa, contudo, tem um gosto amargo para a nossa Instituição.
Há três anos, revelou-se um esquema criminoso que estarrece os brasileiros. As investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e outros órgãos públicos atingiram diversos níveis dos Poderes da República em vários Estados da Federação e, aquilo que, até então, estava restrito aos círculos da política e da economia, acabou chegando à nossa Instituição.
Exercer o cargo de Procurador-Geral da República impõe, não poucas vezes, a tomada de decisões difíceis. Nesses momentos, o único caminho seguro a seguir é o cumprimento irrestrito da Constituição, das leis e dos deveres institucionais. Não há outra forma legítima de ser Ministério Público.
A meu pedido, o ministro Edson Fachin determinou a prisão preventiva do procurador da República Ângelo Goulart Villela e do advogado Willer Tomaz. A medida está embasada em robusta documentação, coletada por meio de ação controlada. As prisões preventivas de ambos foram por mim pedidas com o objetivo de interromper suas atividades ilícitas. No que diz respeito ao procurador da República, o mandado de prisão expedido pelo STF foi executado por dois procuradores regionais da República com o auxílio da Polícia Federal. Também foram realizadas buscas e apreensões em seus endereços residenciais e funcionais. Foi pedido ainda o afastamento do procurador de suas funções no Ministério Público Federal. Determinei também sua exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao TSE e revoguei sua designação para atuar na força-tarefa do caso Greenfield.
O membro e o citado advogado são investigados por tentativa de interferir nas investigações da referida operação, que envolve o Grupo J, e de atrapalhar o processo de negociação de acordo de colaboração premiada de Joesley Batista.
A responsabilidade criminal do procurador e dos demais suspeitos atingidos pela operação de hoje será demonstrada no curso do processo perante os juízos competentes, asseguradas todas as garantias constitucionais e legais.
Como Procurador-Geral da República, cumpri meu dever institucional e adotei as medidas que a Constituição e as leis me impunham.
Sigamos confiando nas instituições republicanas.