O STF também determinou o afastamento do deputado Rocha Loures (PMDB-PR) do mandato de deputado federal. Os dois parlamentares estão implicados em delações do irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do frigorífico JBS. Eles gravaram conversas com o presidente Michel Temer em que ele teria indicado Loures como preposto em negociação para recebimento de propina.
Aécio foi gravado solicitando R$ 2 milhões ao empresário e Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo valores de Joesley. Na conversa gravada, Joesley e Aécio negociam de que forma seria feita a entrega do dinheiro. O empresário teria dito que se o senador recebesse pessoalmente o dinheiro, ele mesmo, Joesley, faria a entrega. E, se Aécio mandasse um preposto, o empresário faria o mesmo.
[SAIBAMAIS]Na gravação entregue à Procuradoria-Geral da República e ao, o senador disse a seguinte frase: "Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do c***."
O "Fred" citado no diálogo é Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, ex-diretor da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e um dos coordenadores da campanha do tucano à Presidência em 2014. O responsável pela entrega teria sido o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, de acordo com a reportagem do jornal ;O Globo;. Rocha Loures, por sua vez, teria sido filmado pela Polícia Federal recebendo cerca de R$ 500 mil em propina.
Andrea Neves
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal também cumprem mandado de busca e apreensão em residências da irmã do senador, Andrea Neves, em Nova Lima, na Região Metropilitana de Belo Horizonte. Andrea foi presa pela PF nesta quinta-feira.
Eduardo Cunha
Outro mandados de busca e apreeensão é cumprido pela PF na casa de Altair Alves Pinto, conhecido por ser o homem de confiança do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ).
De acordo com o jornal carioca ;O Globo;, Temer teria indicado o deputado Rocha Loures (PMDB/PR) aos irmãos Batista para o recebimento de propina que compraria do silêncio de Cunha. O ex-deputado está preso em Curitiba, no Paraná.
Congresso Nacional
Desde às 6h da manhã, cinco carros da PF estão estacionados na entrada do Congresso, em Brasília. No local, as buscas são feitas nos gabinetes de Aécio, do também senador Zeze Perrella (PMDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Nota à imprensa
Na tarde desta quinta-feira (18/5), a defesa do senador Aécio Neves divulgou comunicado:
"O senador Aécio Neves foi surpreendido hoje (18/05) com a gravidade das medidas autorizadas pela Justiça, a partir da reunião havida com o sr. Joesley Batista.
Tratou-se única e exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas, em que o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal.
Foi proposta, em primeiro lugar, a venda ao executivo de um apartamento de propriedade da família. O delator propôs, entretanto, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos provenientes de sua empresa, o que ocorreu sem qualquer contrapartida, sem qualquer ato que mesmo remotamente possa ser considerado ilegal ou mesmo que tenha qualquer relação com o setor público.
Registre-se ainda que a intenção do senador sempre foi, quando da venda do apartamento, ressarcir o empresário.
O senador Aécio Neves lamenta profundamente versões que têm sido divulgadas sobre o caso e, com serenidade e firmeza, vai demonstrar a correção de suas ações e de seus familiares, e a farsa de que foi vítima, montada pelo delator de forma premeditada e criminosa, induzindo as conversas para alcançar seus objetivos de obter os benefícios da delação.
O senador manifesta sua incompreensão e inconformismo pelo pedido de prisão preventiva de sua irmã Andrea Neves, que nada mais fez do que atender seu pedido de levar ao empresário, uma vez que o senador se encontrava em, Brasília, a proposta de venda do apartamento da família.
Apesar de toda essa violência, o senador segue confiando nas instituições na certeza de que a Justiça, feitas as devidas investigações, demonstrará a absoluta correção dos seus atos e de seus familiares.
José Eduardo Alckmin
Advogado do senador Aécio Neves"