Novos documentos entregues à Justiça pelo ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, mais conhecido como Léo Pinheiro, complicam ainda mais a vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O empreiteiro entregou registros de encontros com o petista, o presidente do Instituto Lula Paulo Okamotto e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, além de e-mails, documentos internos da empresa e mensagens de telefone contidas no celular do empresário.
Entre os e-mails entregues, existem vários diálogos que tratariam do tríplex 164-A do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP). O imóvel está sendo investigado pela força-tarefa da Lava-Jato por suspeita de ocultação de patrimônio. Ele teria sido um presente da empresa, incluindo a reforma do imóvel, como pagamento de uma propina de R$ 3,7 milhões. A defesa nega que o imóvel seja do ex-presidente.
[SAIBAMAIS]As mensagens, trocadas pelos executivos da empreiteira, mostram um pedido de atenção especial ao tríplex que seria do ex-presidente, incluindo a possibilidade de obras como a instalação de um elevador na unidade. A defesa de Lula rebateu todos os argumentos. ;Seja pelo conteúdo, seja pela discutível idoneidade, que será tratada por meio dos procedimentos jurídicos adequados, os papéis juntados por Léo Pinheiro nada provam.;
Segundo os defensores, Lula não é dono do apartamento nem recebeu qualquer vantagem indevida. ;Essa unidade ; 164-A, do Condomínio Solaris ; é e sempre foi de propriedade da OAS Empreendimentos, que também exerceu os atributos inerentes à condição de dona, inclusive dando o imóvel e os recebíveis relativos ao imóvel como garantia em operações financeiras;.
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, também desqualifica a relação de encontros de Léo Pinheiro com Lula, Paulo Okamotto e Vaccari. ;Os papéis ; mesmo sem qualquer relevância na ação ; fazem parte da tentativa de Léo Pinheiro de agradar aos procuradores em troca do destravamento de sua delação, para que ele possa obter benefícios;.
Os últimos dias desanimaram os petistas. Eles até consideraram que o ex-presidente Lula havia ido bem no depoimento prestado diante do juiz Sérgio Moro, em Curitiba, na quarta-feira passada, no processo que julga exatamente o tríplex do Guarujá. Mas , logo no dia seguinte, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, tirou o sigilo das delações do casal de marqueteiros, João Santana e Monica Moura. ;Se Lula conseguir escapar do processo do tríplex, vão condená-lo por obstrução de justiça ou domínio de fato;, protestou o senador Paulo Rocha (PT-PA).
Para completar a maré de péssimas notícias, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci confirmou na tarde de sexta-feira que fará delação premiada. Tanto que a cúpula petista avalia a possibilidade de não lançar Lula pré-candidato ao Planalto já no Congresso do partido marcado para o mês de junho. O receio é de que isso soe como provocação ao Ministério Público e à Justiça Federal e amplie a pressão sobre o ex-presidente. Enquanto isso, nomes como o do ex-ministro Jaques Wagner e o do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, começam a circular entre os petistas como alternativa, caso Lula se torne inviável eleitoralmente.