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Ao Correio, Presidente da Funai diz que já sabia da demissão

Antônio Costa afirmou que, ao se recusar a indicar afilhados de políticos do PSC para postos na fundação, tem informações sobre a própria demissão. Com experiência no tema, ele ficará apenas quatro meses no cargo


O dentista e pastor evangélico tem uma longa experiência de atuação em áreas indígenas. Era funcionário do PSC, ao qual não é filiado, quando foi indicado pela legenda para o cargo. Disse que lhe foi assegurado que teria a liberdade de nomear apenas especialistas para as coordenadorias regionais e assessorias da Funai.

O líder do governo André Moura (PSC-SE) e o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, deputado federal licenciado (PMDB-PR), a quem a Funai está subordinada, passaram a exigir a nomeação de vários políticos para cargos técnicos. ;A disputa por esses espaços está mais acirrada;, avalia Costa. Procurado, o Ministério da Justiça não se pronunciou sobre as declarações de Costa em relação a exigências de nomeações de políticos e sobre sua iminente demissão. Moura não atendeu aos telefonemas.

Segundo Costa, o mal-estar ficou mais sério quando ele contrariou a nomeação de coordenadores regionais em Boa Vista, Campo Grande e Passo Fundo (RS). Os indicados, afirmou, têm apoio de parlamentares contrários à política indigenista e à demarcação de terras para essa população. ;A Funai é um órgão muito específico. A intervenção política não é saudável para sua atuação, que já estava perdendo força de trabalho e também orçamento. Se não houver, por parte do governo, uma nova proposta, a Funai entrará em forte crise que pode inviabilizar sua gestão.;

A exoneração deve ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) nos próximos dias. O substituto deverá ser indicado pelo mesmo PSC. Costa garante que após a exoneração vai continuar lutando a favor dos povos indígenas. ;O Brasil precisa refletir que cada um ao ocupar um cargo público, precisa cumprir preceitos básicos que envolvam transparência.; Costa ficou quatro meses no cargo, que estava vago havia sete meses quando foi nomeado. Antes dele, o partido cogitou dois militares para o cargo. Diante de críticas, porém, o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, desistiu da ideia.