Logo após a votação, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, afirmou que ;o resultado obtido na votação, 287 votos favoráveis, traduz uma ampla maioria e um firme apoio do Congresso. Anote-se que o número daqueles que se manifestaram, a favor ou contra, foi de 432 parlamentares. Portanto, quase setenta por cento de apoio;.
Para o presidente Michel Temer, o resultado indica uma ;sintonia entre o Executivo, o Legislativo e a sociedade brasileira em torno da necessidade de aprimoramento dos marcos que regem as relações de trabalho em uma economia que volta a crescer;.
[SAIBAMAIS]Aliviado após a nova votação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a assumir pessoalmente a derrota do dia anterior. ;Ontem (anteontem), foi um descuido meu;, reconheceu novamente. ;Mas com a aprovação das reformas vai haver uma melhora das relações entre o capital e o trabalho. Vamos dar mais segurança para o país;, apostou.
A derrota do dia anterior mexeu com o Planalto. Michel conversou, duramente, com os ministros do PPS, Roberto Freire (Cultura) e da Defesa (Raul Jungmann), e do PSB, Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia). Queria fidelidade das duas legendas que negaram, respectivamente, 62% e 65,5% dos votos das respectivas bancadas para o governo.
;Partido que não votar com o governo, os ministros têm de entregar os cargos;, cobrou o vice-líder do governo na Câmara, Darcisio Perondi (PMDB-RS). A surpresa da terça-feira, revertida ontem, serviu para o Planalto mapear as insatisfações. No caso do PSB, por exemplo, o governo dificilmente conseguirá a adesão completa, por ser uma ;legenda dividida;, na opinião de um interlocutor próximo ao presidente Temer. Para ele, os socialistas dividem-se entre aqueles fieis a Eduardo Campos e o grupo sucessor, capitaneado pelo vice-governador de São Paulo, Márcio França, que defende a aliança com o governo Temer.
O PPS foi enquadrado por Freire. O Solidariedade, de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, negocia agoniado com o Planalto o fim do Imposto Sindical, que será incluído na proposta de reforma trabalhista. E o PTB, de Jovair Arantes (GO), pressiona por mais espaço no governo. ;Mas já abrigamos nossos aliados no início da gestão, não tem mais espaço vago;, disse uma liderança governista.
Preocupação
Nos corredores da Câmara, a comemoração ainda é comedida. ;Poderia ter sido melhor, estou preocupado com as futuras votações;, admitiu o deputado Laércio Oliveira (SD-SE), que relatou o projeto de terceirização aprovado na Câmara dos Deputados. ;144 votos contrários é toda a esquerda e mais um pouco;, disse.
Para Oliveira, a descontaminação e o fortalecimento da articulação deve passar, na opinião dele, por um processo de intensificação do diálogo, liderado por Temer e com participação do ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy. ;Ele é o grande protagonista;, avaliou.
O relator da reforma trabalhista, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), não tem as mesmas preocupações e discorda que a base esteja desarticulada. ;Só votaram 430 deputados. Teríamos quórum suficientemente para votar uma PEC. A votação de hoje mostrou a identidade da base;, declarou.
A vitória não escondeu momentos de tensão. A oposição protestou contra a nova votação do requerimento de urgência, lembrando que a proposta fora derrotada na véspera. ;Não podemos permitir a volta do regimento Eduardo Cunha, que repetia votações toda vez que era derrotado;, reclamou o líder do PSol, Glauber Braga (RJ).
Aliados do Planalto disseram que não havia como fazer conexões, já que o peemedebista repetia votações de matérias rejeitadas em plenário, apresentando substitutivos com pequenas mudanças em relação ao texto anterior. E que não havia restrição a requerimentos de urgência. Os oposicionistas subiram, então, as escadas que dão acesso à Mesa Diretora e começaram a gritar golpe.
Maia perdeu a paciência. ;Eu fechei um acordo com o PT para que votássemos essa matéria no plenário em 3 de maio. Vocês não aceitaram e nós vamos votá-la na semana que vem. Desafio alguém a dizer que estou mentindo;, atacou o presidente da Câmara. Os petistas esbravejaram contra o projeto, mas não desmentiram Rodrigo Maia.