Investigados com base na delação da Odebrecht, os ministros Bruno Araújo (Cidades) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores) pediram ao ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que sejam redistribuídos os inquéritos instaurados contra eles na Corte.
Cabe ao ministro Fachin solicitar uma eventual redistribuição à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.
Segundo a defesa dos dois ministros - os mesmos advogados assinam as petições de Bruno Araújo e Aloysio Nunes -, os fatos narrados por delatores da Odebrecht "não têm qualquer conexão direta com os fatos objeto da Operação Lava-Jato".
"Sendo assim, torna-se necessária, com base inclusive em entendimentos desse próprio STF, a redistribuição do presente feito a um novo relator, sorteado aleatoriamente no âmbito dessa Corte", pedem os advogados.
O ministro das Relações Exteriores é investigado juntamente com o senador José Serra (PSDB-SP) por suposto recebimento de propina nas obras do Rodoanel.
O ministro das Cidades, por sua vez, teria recebido R$ 600 mil não contabilizados da Odebrecht porque seria uma "aposta" da empreiteira, disse em delação premiada o executivo João Pacífico Ferreira.
Conforme planilhas apresentadas pelos colaboradores João Pacífico Ferreira e o ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht Benedicto Júnior, houve pagamentos realizados em 2010 para Bruno Araújo, num total de R$ 300 mil. Na época, o tucano concorria ao cargo de deputado federal. Em 2012 foram repassados ao atual ministro mais R$ 300 mil, segundo os delatores.
Defesas
Em nota enviada à imprensa, o ministro Aloysio Nunes diz que não recebeu "qualquer contribuição da Odebrecht" e que há contradições nos depoimentos de delatores.
O ministro Bruno Araújo, por sua vez, afirmou que "os áudios e os vídeos dos delatores mostram uma dissociação em relação ao que me foi imputado e os fatos relatados" e que tem "convicção de que tudo ficará devidamente esclarecido".