Jornal Correio Braziliense

Politica

É necessário mudar o sistema político eleitoral, afirma Toffoli em Lisboa

Toffolli falou durante V Seminário Luso-Brasileiro de Direito

O ministro e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, argumentou nesta terça-feira (18/4) que não há como manter o sistema político eleitoral sem alteração. "Se não houver mudança, vai aumentar o número de partidos com representação no Congresso e com acesso a recursos partidários e a tempo no rádio e televisão", citou durante seminário realizado em Portugal.

Toffoli salientou que o Brasil não é um País que tenha uma elite nacional. "Somos uma Federação, somos a união de várias elites regionais, que se mantiveram unidas graças ao desenho formulado pela corte aqui, de Lisboa, ao contrário da América Espanhola, que se dividiu", afirmou.
Leia mais notícias em Política

O painel do qual o ministro participa tem como tema "Sistema Eleitoral e Governabilidade" e ele declarou que o fato de a Constituição obrigar que os partidos apresentem programas nacionais já é uma sinalização de que, naturalmente, eles não têm essa vocação. "Essa dificuldade da elite nacional tem impacto na governabilidade do Executivo e na formação das maiorias no Legislativo", avaliou.

De acordo com o ministro, o partido que mais elegeu deputados em 2014 (63 de 513) obteve uma fatia inferior a 12% do total. "O País é enorme, não temos uma lei que o pense nacionalmente e temos um sistema que dilui ainda mais essa posição", citou. Ele lembrou que o ditador Hitler chegou a ser primeiro-ministro alemão com apenas 30% dos votos. "Muitos atribuíram o nazismo a esse sistema, não vamos tão longe, mas ele influi na forma sobre como as maiorias vão ser formadas", considerou.

O assunto, conforme Toffoli, não foi encerrado. "Temos que enfrentar esse tema e dizer ao Parlamento que pode retomar o assunto. A maneira como foi feita lá atrás estava errada." Para Toffoli, mais do que discutir sobre se o sistema deve ser distrital majoritário, misto ou proporcional - que é o que se tem hoje - é preciso estabelecer um sistema que forme elites nacionais, com menos partidos. As mudanças, argumentou, podem ser feitas de forma progressiva. "Se há 26 partidos na Câmara que vão disputar a eleição no ano que vem, não vão pensar em reduzir o número de partidos", argumentou.

Toffolli falou durante V Seminário Luso-Brasileiro de Direito, em Lisboa, promovido pela Escola de Direito de Brasília do Instituto Brasiliense de Direito Público (EDB/IDP) e pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL). Mais cedo já falaram no evento, entre outros, o também ministro do STF, Gilmar Mendes, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.