O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira (17/4), em entrevista ao SBT Brasil, que o envelope recebido em 2014 pelo advogado José Yunes a pedido de Eliseu Padilha, hoje ministro-chefe da Casa Civil, era "supostamente um envelope pardo, pequeno". Yunes, segundo o presidente, "sequer apanhou esse envelope em mãos". A secretária do advogado foi quem o recebeu, afirmou Temer.
Em depoimento no ano passado, um dos delatores da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, afirmou que R$ 4 milhões destinados a Padilha foram entregues no escritório de Yunes - que é amigo pessoal e foi assessor especial de Temer no governo.
Em fevereiro deste ano, Yunes prestou depoimento espontaneamente aos procuradores da Operação Lava Jato para revelar que serviu de "mula" para Padilha. O então deputado federal pelo PMDB teria pedido que recebesse um "documento" em seu escritório. Yunes revelou ainda que o "documento" foi deixado no escritório por Lúcio Funaro, operador de propinas do PMDB que está preso em Curitiba no âmbito da Lava Jato. Na mesma época, Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência.
O trecho da entrevista do SBT Brasil no qual Temer fala no envelope recebido por Yunes está disponível no site da emissora.
Foro privilegiado
O presidente Michel Temer afirmou ser indiferente à existência do foro privilegiado para ocupantes de funções públicas. "Para mim tanto faz. Vou contar um episódio: quando era presidente da Câmara, houve um pedido muito acentuado para que eu colocasse em votação um projeto que acabava com o foro privilegiado. Sabe pra que? Porque muitos estavam sendo processados no Supremo e queriam baixar isto para o foro inicial", afirmou Temer.
Segundo o presidente, o objetivo dos políticos que o pressionavam à época era ser julgado em três instâncias, como qualquer cidadão - quando o julgamento ocorre no Supremo Tribunal Federal, há apenas uma instância. "Em qualquer hipótese pode ser benéfico ou prejudicial para aquele eventualmente processado naquele instante. Pra mim tanto faz."