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Marcelo Odebrecht cita repasse de R$ 13 milhões em propina a Lula

O empreiteiro foi interrogado durante duas horas e meia em ação penal na qual é réu junto com Palocci - ambos cumprem prisão preventiva em Curitiba

O ex-presidente do Grupo Odebrecht Marcelo Odebrecht confirmou nesta segunda-feira (10/4), em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o "amigo" registrado na planilha de propinas milionárias da empreiteira. Marcelo Odebrecht afirmou ainda que "Italiano" - alcunha também lançada na planilha - é uma referência ao ex-ministro Antonio Palocci e "Pós Itália", ao ex-titular da Fazenda Guido Mantega.

As informações foram divulgadas pelo site O Antagonista e confirmadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Ao citar valores, conforme relatos, Marcelo Odebrecht disse que R$ 13 milhões em espécie sacados pelo ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, ou "Programa B", entre 2012 e 2013, foram entregues a Lula. A defesa do petista nega taxativamente seu envolvimento em qualquer tipo de ilegalidade.

O empreiteiro foi interrogado durante duas horas e meia em ação penal na qual é réu junto com Palocci - ambos cumprem prisão preventiva em Curitiba.

Marcelo Odebrecht falou ainda sobre os R$ 4 milhões que teriam sido repassados ao Instituto Lula e na soma de R$ 12,4 milhões supostamente investida na compra do prédio do Instituto. Também abordou a cifra de R$ 50 milhões em propinas para Mantega que teriam sido usados na campanha da presidente cassada Dilma Rousseff.

[SAIBAMAIS]No depoimento ele praticamente reiterou o que já havia dito à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como delator da Lava Jato, Marcelo Odebrecht se obrigou a responder a todas as perguntas, diferentemente da primeira vez em que foi ouvido por Moro, ainda em 2016.

Na ocasião, limitou-se a entregar esclarecimentos por escrito, não respondeu a nenhuma indagação do magistrado e acabou condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro do esquema de propinas e cartel na Petrobrás

Nesta ação, Marcelo Odebrecht e Palocci são réus ao lado de outros 13 acusados. Segundo o Ministério Público Federal, o ex-ministro da Fazenda e Casa Civil teria recebido propinas de R$ 128 milhões da empreiteira.

Relatório da Polícia Federal entregue ao Ministério Público Federal e a Moro já havia cravado que o "amigo" da planilha de corrupção era uma alusão a Lula. Ainda segundo O Antagonista, o empreiteiro confirmou a Moro que tentou avisar o governo Dilma do risco de que a Lava Jato pudesse chegar à conta secreta do marqueteiro João Santana. Disse que foi até o México alertar pessoalmente a então presidente, mas ela não demonstrou preocupação.

Marcelo Odebrecht afirmou no interrogatório que Palocci era "o intermediário" e "o principal interlocutor" da empresa com o governo Lula.

Ele confirmou uma doação de R$ 4 milhões ao Instituto Lula em 2014. O recurso, disse, saiu da conta corrente que supostamente o petista tinha com a empreiteira e foi registrado na "Planilha Italiano", subplanilha "Amigo". Marcelo Odebrecht afirmou que, por meio de uma empresa laranja, a empreiteira comprou o terreno que serviria para abrigar a sede da entidade.

Defesa


Em nota, a assessoria do ex-presidente afirmou que o instituto "funciona em uma casa adquirida em 1991 pelo antigo IPET, que depois seria Instituto Cidadania e depois Instituto Lula". "O instituto jamais teve outra sede ou terreno."

Conforme o comunicado, o ex-presidente Lula "jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa para qualquer fim e isso será provado na Justiça". "Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como ;amigo;, que nem essa planilha nem esse apelido são de sua autoria ou do seu conhecimento, por isso não lhe cabe comentar depoimento sob sigilo de Justiça vazado seletivamente e de forma ilegal", diz a nota.