As novas testemunhas são todas ligadas ao PT. E apenas Guido Mantega foi chamado pela defesa. O depoimento dele está marcado para sexta-feira, em São Paulo (leia na página ao lado). Mantega, ao lado do também ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, aparece como o responsável por acertar com o empreiteiro Marcelo Odebrecht os pagamentos de propina e financiamento eleitoral feitos pela empresa.
[SAIBAMAIS]Os outros três ; João Santana, Mônica Moura e André Santana, funcionário do casal ; foram chamados pelo vice-procurador-geral eleitoral, Flávio Dino. O casal de marqueteiros já acertou delação premiada e foram responsáveis pelas campanhas presidenciais de Lula em 2006 e de Dilma em 2010 e 2014.
;Nós chamamos Mantega para corrigir uma distorção. O julgamento era um até março e transformou-se em outro quando o relator decidiu chamar os executivos da Odebrecht para depor;, afirmou Caetano. ;Quanto ao que será perguntado ao marqueteiro e à mulher dele, não tenho como falar nada, porque eles foram convocados pelo MPE (Ministério Público Eleitoral), não por nós;, completou o defensor de Dilma. ;Estamos tranquilos porque não houve caixa 2 na campanha. Mas, ao chamar os delatores da empresa, o relator abriu espaço para a nulidade do processo;, ameaçou o defensor.
Desdobramentos
O Planalto teme os desdobramentos do julgamento, mas avalia que o processo, em si, preserva o presidente Michel Temer, mesmo após os depoimentos dos ex-executivos da Odebrecht. Para aliados do presidente, a intervenção de Marcelo Odebrecht eximiu o peemedebista do debate sobre caixa 2, deixando o presidente em uma situação confortável. E a nova fase será totalmente voltada para destrinchar o envolvimento do PT.
Ainda assim, o risco da cassação da chapa persiste. O defensor de Temer, Gustavo Guedes, ficou surpreso e criticou a convocação de mais testemunhas de acusação propostas pelo procurador eleitoral. Disse ser difícil estipular prazo para o fim do julgamento. ;Infelizmente, não há como falar sobre um prazo para o julgamento após essas decisões de hoje;, disse Gustavo Guedes, advogado do presidente Temer.
A expectativa é de que o julgamento não seja retomado antes de maio. O término do julgamento deve ficar para meados do segundo semestre. O governo esperava que o pedido da defesa fosse deferido, mas não a reabertura da fase de instrução, com a convocação de novas testemunhas e a ampliação do prazo para a defesa do PT.
Mostrando-se contrariado, Herman Benjamin decidiu aumentar o prazo, mas deixou claro que o pedido prolongaria ainda mais o julgamento. Inicialmente, ele defendeu a concessão de apenas mais três dias para as alegações, o que, somado às 48 horas que já havia dado, completaria os cinco dias. O entendimento foi seguido pelos ministros Luiz Fux e Rosa Weber, mas não pelos outros quatro ministros: Henrique Neves, Luciana Lóssio, Napoleão Maia e Gilmar Mendes, presidente do TSE.
Gilmar chegou a acusar Benjamin de ;violar a jurisprudência; por não ter concedido os cinco dias de prazo. A definição sobre a quantidade de dias a serem concedidos só foi feita após a conclusão da discussão sobre outra preliminar, que acabou antecipada, acerca do pedido de Caetano para que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega fosse ouvido.
No caso da convocação dos marqueteiros pelo vice-procurador-geral da República Nicolau Dino, foi preponderante a informação de que o casal assinou a delação premiada, decisão tomada ontem (leia na página ao lado). Benjamin, porém, indicou que quer dar celeridade ao processo e criticou postergações no julgamento, sob o risco de só concluí-lo no ano que vem.