A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação em que alega não poder investigar o presidente Michel Temer por fato estranho ao mandato. O despacho foi dado após a análise de um trecho da delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em que o delator afirma ter recebido, em 2012, um pedido do então vice-presidente da República de apoio à candidatura de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo.
Sérgio Machado disse que a solicitação de Temer foi atendida por meio de um repasse da construtora Queiroz Galvão, no valor de R$ 1,5 milhão para o diretório do PMDB ; ;valores estes fruto de comissão paga por contratação com a Transpetro;, segundo o relato da PGR sobre a delação.
[SAIBAMAIS]Esta é uma vitória do presidente a quatro dias do início do julgamento, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do processo que pede a cassação da chapa presidencial eleita em 2014. Ao confirmar, na quinta-feira, Admar Gonzaga como substituto de Henrique Neves no TSE, o governo joga pressão sobre um magistrado que, até o momento, é uma incógnita na visão do Planalto. Neves só deixará o pleno após o dia 17 de abril. Na matemática mínima para escapar de uma punição, ele soma-se à Rosa Weber e à Luciana Lóssio ; cujo mandato expira em maio ; e que tem uma trajetória mais ligada ao PT.
Para conseguir escapar da punição, o Planalto precisa de quatro votos favoráveis a si. A questão é que o outro representante do Superior Tribunal de Justiça, Nunes, também tem dado poucas indicações do que pensa sobre o caso. Como o Planalto já tem contra si, garantido, o voto do relator Herman Benjamin, o esquadrinhamento das tendências do plenário do TSE é fundamental.
Aliados de Temer consideram o julgamento do TSE a última barreira de questionamento institucional que impede o governo de decolar. A decisão de Janot de ontem soma-se, na visão de interlocutores presidenciais, a outras ações recentes da investigação que teriam beneficiado o presidente. Para eles, Benjamin, ao promover a intercessão das investigações com os trabalhos da força-tarefa de Curitiba, acabou ajudando Temer.
A defesa primordial é de que, mesmo afirmando ter doado R$ 150 milhões para a chapa Dilma-Temer em 2014, boa parte por caixa 2, Marcelo Odebrecht deixou claro não ter tratado de propina com o peemedebista e que a petista saberia de algo. As delações da Odebrecht podem abater caciques do Congresso e ministros importantes do governo, como Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).