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Temer diz adotar medidas 'populares' e defende reforma da previdência

No dia seguinte à entrega da lista de Janot, com envolvimento de ministros do governo, o presidente não falou sobre as investigações

Um dia depois de o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, entregar a lista com pedido de abertura de 83 inquéritos que incluem ministros e parlamentares ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer evitou falar nesta quarta-feira (15/3) sobre as investigações e aproveitou um evento com empresários para defender a Reforma da Previdência. No mesmo dia em que diversas cidades do país são palco de manifestações contrárias à proposta, Temer admitiu que o projeto poderá sofrer "uma ou outra adaptação" no Congresso.

"Ou fazemos uma reformulação da Previdência agora - é claro, poderá haver uma ou outra adaptação. O Congresso é que está cuidando disso. Mas não podemos fazer uma coisa modestíssima agora, para daqui a quatro, cinco anos termos que fazer como Portugal, Espanha, Grécia e outros países, que tiveram que fazer um corte muito maior porque não preveniram o futuro;, disse o presidente.

[SAIBAMAIS] O governo tenta traçar estratégias para aprovar a medida sem alterá-la e, por isso, busca explicar pontos do projeto e buscará esclarecer pontos específicos para cada categoria atingida. ;Em primeiro lugar, (a reforma) não vai tirar o direito de ninguém. Quem tem direitos garantidos no trabalho, vai continuar tendo", disse.

Durante os 16 minutos de fala no evento organizado pelo Sebrae e pelo Banco do Brasil, Temer disse que adota medidas ;populares; e não ;populistas;, em crítica indireta ao governo anterior. ;Há medidas populistas e populares. As populistas são as feitas de maneira irresponsável e que têm um efeito imediato, cheio de aplausos, para depois revelarem-se um desastre absoluto. As medidas populares não têm o aplauso imediato, mas obtém depois o reconhecimento;, afirmou.

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Investigações

Durante todo o evento, Temer não fez menção à lista de Janot, elaborada com base nas delações de ex-executivos da Odebrecht, que ainda seguem sob sigilo. A expectativa é de que elas sejam reveladas na próxima semana. Enquanto isso, no Palácio do Planalto, que não recebeu a notícia de envolvimento de ministros com surpresa, a ordem é para não falar a respeito dos depoimentos até que o conteúdo seja tornado público. Há pedido de abertura de inquérito contra o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o titular da Secretaria da Presidência, Moreira Franco.

Evitando tocar no assunto, Temer aproveitou o evento organizado para lançar um programa em que aposentados do sistemas bancário trabalharão na orientação da tomada de crédito para micro e pequenas empresas para exaltar outras medidas tomadas, inclusive no âmbito social. ;Vocês me desculpem, eu estou aproveitando para falar do governo;, disse. Em seguida, citou investimentos feitos no Bolsa Família, no Minha Casa Minha Vida, e outros iniciativas do governo.